Avaliação da toxicidade pré-natal : estudo de teratogenicidade (segmento II) do inseticida piriproxifeno em ratas Wistar infectadas laboratorialmente com vírus Zika

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Weiss, Alessandra Santos
Orientador(a): Mello, Joao Roberto Braga de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/253952
Resumo: Doenças transmitidas por mosquitos estão entre as ameaças de saúde pública mais desafiadoras em todo o mundo e o controle de vetores urbanos são especialmente problemáticos porque podem transmitir patógenos para grandes populações de seres humanos suscetíveis, causando epidemias. O impacto social causado pelo vírus Zika, e a recomendação do uso do piriproxifeno como um pesticida de controle focal das larvas do mosquito Aedes aegypti passaram a gerar especulações a respeito da epidemia de microcefalia no Brasil ao final do ano de 2015. As evidências disponíveis até o momento indicam fortemente que o vírus Zika está relacionado à ocorrência de microcefalias, contudo o inseticida piriproxifeno também foi apontado como uma das possíveis causas da epidemia de microcefalia no Brasil. Considerando-se os escassos dados disponíveis sobre a toxicidade do piriproxifeno e sua interação com uma infecção de vírus Zika, e a sua possível relação com o aumento da incidência de microcefalia em recém-nascidos, este estudo investigou os potenciais riscos toxicológicos da utilização do piriproxifeno concomitante a uma infecção por vírus Zika, contribuindo para a elucidação de questões relacionadas à segurança do seu uso durante a fase da organogênese em ratos Wistar, e a possível interação de ambos. As fêmeas foram divididas aleatoriamente em 4 grupos – grupo controle negativo (Grupo I), grupo tratado com 500mg/Kg de piriproxifeno (Grupo II), grupo infectado com vírus Zika (Grupo III) e grupo tratado com 500mg/Kg de piriproxifeno e infectado com vírus Zika (Grupo IV). As fêmeas foram tratadas por gavagem, com auxílio de sonda orogástrica, do 6° ao 15° dia de gestação, conforme segmento II, recomendado pela Organization for Economic Cooperation and Development (2001) e Food and Drug Administration (1994). Durante a gestação, as progenitoras foram monitoradas quanto às alterações de massa corporal relativa, consumo de água e ração. As ratas prenhas dos grupos III e IV foram infectadas com vírus Zika isolado no Brasil (ZIKV 17). As fêmeas dos grupos infectados receberam 1 x 106 UPF (Unidades formadoras de placas) de ZIKV 17 pela via intraperitoneal, em 500μl de meio de cultivo no 9º dia gestacional (D9).No 21° dia de gestação, as fêmeas foram eutanasiadas para avaliação reprodutiva, teratogênica e de variáveis sistêmicas. Os fetos foram avaliados quanto à embriotoxicidade e à presença de malformações externas e alterações esqueléticas. Os resultados demonstram que não foi observada toxicidade materna sistêmica em nenhum dos grupos testados, não sendo observadas alterações de massa corporal relativa das progenitoras, e no consumo de água e ração. Além disso, não foi constatada a presença de diarreia, piloereção, estresse, tremores, hemorragia, aborto, óbito ou outras alterações nos grupos tratados e grupo controle, evidenciando reduzido potencial de toxicidade. Em relação as possíveis alterações no desenvolvimento da progênie e seus efeitos teratogênicos, todos os grupos tratados e o controle apresentaram alterações sugestivas de retardo no desenvolvimento ósseo dos fetos, os três tratamentos testados durante a organogênese não provocaram malformações externas. Pela análise dos fetos dos diferentes grupos é possível identificar alterações ósseas na cabeça e nas regiões cervical, torácica, lombar e pélvica. Levando em conta as alterações observadas na cabeça é possível inferir na interação entre piriproxifeno e Zika (GIV) pelo aumento da ocorrência de supraoccipital com formato irregular, supraoccipital com ossificação incompleta, zigomático com fusão e calota pobremente ossificada, em relação ao tratamento isolado com piriproxifeno (GII) e Zika (GIII). Os achados observados não parecem estar relacionados com a ocorrência de microcefalia. Diante dos resultados encontrados é possível identificar também interação entre piriproxifeno e Zika no aumento do número de perdas pré-implantação em relação ao tratamento isolado.