Resumo: |
A Pandemia de COVID-19 teve início em dezembro de 2019 e levou a maioria dos governos a decretar o fechamento temporário das instituições educacionais em todo o mundo. Nesse contexto do distanciamento social, a depressão, frustração, incerteza e medo se tornaram cada vez mais evidentes, provocando aumento considerável nos níveis de estresse e ansiedade em toda parte do planeta. Não demorou para que esta realidade adentrasse as universidades brasileiras, seja na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), lócus do programa de doutorado, ou na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), lócus laboral e de pesquisa. Cada vez mais de forma intensa foi verificado o agravamento do sofrimento e adoecimento emocional nesses espaços. Diante disso, a materialização de propostas de Educação em Saúde em ambientes universitários se torna essencial, especialmente em períodos de sofrimento emocional, estresse, ansiedade e depressão, ou seja, em momentos de medo e insegurança, tais como o da Pandemia de COVID-19. Dentre outras possibilidades, defendemos a proposta de educação em saúde baseada em mindfulness, que se mostra favorável a diversas adaptações, conforme os objetivos e públicos específicos, podendo ser aplicada de forma síncrona, assíncrona, presencial, até mesmo no formato virtual. Mindfulness significa estar presente, momento a momento, com intencionalidade e semjulgamento. A prática Mindfulness é oriunda das tradições contemplativas orientais, possuindo raízes imbricadas à tradução do termo “sati” do dialeto indiano Pali, que significa “lembrança” ou “lembrar”, termo utilizado pelas antigas escrituras budistas em referência à atividade da mente, à constante presença da mente e à lembrança de manter a consciência. No contexto laico universitário, a prática mindfulness se iniciou no Centro Médico da Universidade de Massachussetts em 1979, quando o professor Jon Kabat-Zinn desenvolveu o Programa “Mindfulness-Based Stress Reduction” (MBSR), popularmente conhecido no Brasil como “Programa de Redução de Estresse Baseado em Mindfulness” ou “Curso de Oito Semanas Baseado em Mindfulness”. Sendo assim, o objetivo desta tese foi analisar a prática Mindfulness na UFRPE como proposta de Educação em Saúde para servidores docentes e técnicos no contexto da Pandemia de COVID-19. Trata-se de um estudo observacional, descritivo, de caráter narrativo e reflexivo com amostra intencional. No desenvolvimento da pesquisa foram utilizadas distintas técnicas e métodos mistos de investigação, tais como a revisão sistematizada da literatura, a metodologia de relato de experiência e de relato autobiográfico. Docentes e técnicos da UFRPE participaram da aventura mindfulness por meio de duas ações educativas propostas nos objetivos específicos, a saber: a Série “Medita Rural” e o Curso “Qualidade de Vida Baseado em Mindfulness (Atenção Plena) na UFRPE”. O método da hermenêutica-dialética foi utilizado para a análise dos dados primários. As orientações metodológicas para revisões sistemáticas recomendadas pelas Diretrizes Metodológicas para a elaboração de Revisão Sistemática foram observadas na análise dos dados secundários. Os resultados desta tese foram apresentados sob a forma de quatro produtos técnico-científicos, a saber: 1) artigo de revisão, em fase de submissão; 2) relato de experiência, publicado sob a forma de artigo; 3) relato autobiográfico, publicado sob a forma capítulo de livro; 4) evento de extensão de abrangência estadual, realizado em 2023 na UFRPE. Pelo trabalho desenvolvido, é possível concluir que a proposta de Educação em Saúde baseada em Mindfulness é viável, sendo considerada eficiente na promoção do bemestar da comunidade universitária, em especial da UFRPE, e no desenvolvimento de habilidades de atenção plena. |
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