Onà, qual é o meu caminho? : infâncias pretas e instituições, Corpas- existências e territórios (des)conhecidos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Santiago, Jéssica Gomes
Orientador(a): Alves, Miriam Cristiane
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/280751
Resumo: Com Onà - e outras infâncias -, personagem ficcional que nos envolve em sua Corpa- memória-história, afluiremos. Ela que nos convoca até a nascente do rio e nos convida a caminhar seu curso, e ao longo da sua trajetória levanta questionamentos sobre si, sobre sua existência e sobre existências outras. Muitos de seus questionamentos não são respondidos nesta Corpa escrita, ao invés disso, dela emergem mais perguntas, e, a princípio, são elas que nos movem, e essa Corpa escrita também é a própria Corpa de Onà. Caminharemos juntas com Onà e seus questionamentos, a fim de compreendermos como as instituições Colonialismo, Estado (e as instituições que derivam desse) e Família compõem as Corpas- existências de infâncias pretas, cujas crianças foram adotadas por famílias brancas, analisando os efeitos produzidos sobre suas vidas e identificando os movimentos de deslocalização, localização e relocalização dessas infâncias no mundo. Ao longo da corrente dessas águas, discutiremos o corpo negro inventado pelo Colonialismo, transformado em corpo-imagem de controle, desterritorializado, deslocalizado, um corpo que compulsoriamente tem o território existência do outro, Branco, enquanto localidade, assujeitado ao Colonialismo, que no ímpeto de impedir e dizimar existências, tentou c eifar corpo a corpo. Contudo, essas Corpas-territórios-existências, imensas, conflitam diretamente com o ocidentocentrismo. Escravização, dispersão, objetificação, desumanização, zoomorfização, demonização, aniquilação, batismo, cristianismo, a luta por dominação daquilo que não se sabia, outorgar alma àquelas que se supõe desalmadas. O ocidentocentrismo, berço da instituição Colonialismo, sucessora à instituição Família, mas que forçadamente estabeleceu outros rumos a seus modos de existir, foi também antecessor a outras instituições, aqui problematizadas. De que maneira as instituições que se estabeleceram com base no ocidentocentrismo e Colonialismo compõem e se atravessam nas existências das infâncias e adolescências pretas adotadas por famílias brancas? Como é possível a existência das crianças e adolescentes pretas? Como é possível existirem suas Corpas localizadas no mundo, vivendo nesses territórios-instituições? São perguntas que represam essas águas. Quais são os lugares que há desaguar, escoar, que racham essas estruturas? Enquanto caminho metodológico para refletir, problematizar e, talvez, responder alguns desses questionamentos, partimos de nosso próprio lugar de enunciação, o que contribui com nossa relocalização e reterritorialização; partimos do local epistemológico no qual existimos para problematizar corpos determinados em lugares determinados, no sentido de não apenas ir na contracorrente de epistemologias cuja localização é eurocêntrica, mas, sobretudo, de evidenciar as localizações onde nossas Corpas existem, e produzir novos questionamentos que rasguem, que sangrem, que provoquem emersão. Nessa perspectiva, enquanto aposta em um caminho teórico-metodológico, lançamos mão de dois gestos- conceitos: “corpo-memória” e “Corpa-percepção”. O “corpo-memória”, de Beatriz Nascimento, nos localiza enquanto a própria identidade e memória viva como elemento sustentador da existencialidade; e a Corpa-percepção convoca-nos à expansão não apenas da compreensão da existência corporal de si e das outras pessoas, mas da imagem simbólica que nosso corpo invoca, provoca e convoca a si e a outra, assim como dos sentidos que evocam os corpos às suas histórias, conectados a elementos que se sabem, que não se sabem e que traçam caminhos a descobrirem-se, à sua própria localização. A potencialidade da pesquisa está na possibilidade de percorrermos Corpas-memórias-histórias, assim como as localizações das infâncias pretas a partir de suas próprias narrativas, tendo como base a fabulação crítica. Interessa-nos as vozes das infâncias, fazer coro às suas Corpas, descobrir o que contam suas histórias, compreendendo os atores que estão em cena, muitas vezes ocultos, com passos sutis, fala baixa e muito barulho. Descortinar e nomear fenômenos do não saber, daquilo que age por trás das cortinas e que também está sob os holofotes - o que transita nos territórios (des)conhecidos?