Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Leal, Vandia Cristina Rodrigues [UNIFESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/67360
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Resumo: |
Com os avanços na esfera legal, social e psicológica no processo de adoção de crianças e adolescentes no Brasil, verifica-se ainda enormes desafios para a constituição da família inter-racial adotiva. Durante os últimos 10 anos, houve uma redução significativa na porcentagem de pretendentes cadastrados para adoção que faziam a exigência de adotar somente crianças brancas, no entanto, este fato não exime as famílias adotivas inter-raciais de terem que lidar com o preconceito racial presente na sociedade brasileira e, por consequência, no próprio seio familiar. Em uma sociedade marcada pelo racismo, pessoas brancas tendem a acreditar que somente o outro, não branco, é que tem cor. Não pensar sobre as questões raciais se torna então uma prerrogativa de sujeitos brancos, os quais usualmente se compreendem como parte de uma identidade hegemônica e que, portanto, conservam seus privilégios advindos do racismo estrutural. Esta pesquisa teve como propósito analisar a influência do preconceito na formação dos vínculos afetivos e da identidade racial, assim como analisar os processos de identificação de brancos e negros no seio familiar. Foram realizadas entrevistas com três famílias adotivas inter-raciais com o objetivo de analisar o processo da adoção em suas articulações com a produção onírica. Na análise dos dados produzidos, foi possível articular as contribuições teóricas da Psicanálise e Psicologia Social com o intuito de melhor compreender os aspectos inconscientes do racismo, os quais atravessam a nossa cultura e influenciam o imaginário social e a própria constituição familiar, como também, foi possível discutir as contribuições de autoras do feminismo negro e autores da sociologia que desconstroem os mitos da democracia racial à brasileira e do papel das mulheres negras reduzidas a cuidadoras e/ou a corpos hiperssexualizados. Os resultados encontrados indicaram a incidência do racismo na vida onírica de sonhantes, tal como, dificuldades para a constituição da identidade racial negra quando o racismo estrutural interfere na transmissão da cultura afro-brasileira. Mostrou-se também essencial a preparação dos postulantes à adoção e das crianças e adolescentes envolvidos neste processo, com ênfase no atendimento psicólogo dos envolvidos e criações de espaços para que haja a possibilidade de partilharem e elaborarem suas angústias, medos e inseguranças, indo além dos aspectos informativos e educativos sobre o processo de adoção. Os resultados nos indicam ainda como o uso do mecanismo de defesa inconsciente - negação, está presente na vida de sujeitos negros, os quais passaram a denegar que sofreram discriminação racial. Dessa forma, o processo de racialização de mães e pais brancos, conscientes dos privilégios raciais da branquitude, mostrou-se como o primeiro de muitos passos para o desmantelar do racismo estrutural também no âmbito familiar. |