Emprego não-convencional de vírgula e sentidos dos enunciados: reflexões a partir de textos de São Paulo e do Acre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Silveira, Valéria Barbosa Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/192954
Resumo: Esta tese busca compreender a relação existente entre o emprego de vírgula considerado “erro”, conforme gramática normativa, e os efeitos de sentidos percebidos por meio desses empregos em enunciados escritos produzidos em ambiente escolar. Para tanto, este trabalho objetivou investigar as possíveis relações entre sentidos do enunciado escrito e o emprego não-convencional de vírgula por meio de análises qualitativas desse tipo de uso de vírgula. O corpus desta pesquisa conta com vinte textos de dez alunos em processo de escolarização no final do Ensino Fundamental e no início do Ensino Médio em uma escola situada no interior de São Paulo e outra no interior do Acre, respectivamente. Fez-se tanto a descrição dos textos que compõem o corpus desta pesquisa como dos contextos de produção desses. Posteriormente, levantou-se os usos de vírgula nos textos classificando-os, sintaticamente, conforme prescrição da norma vigente, como convencionais ou não convencionais. Entre estes últimos, foram observados usos desta pontuação tomados como “erros” na gramática prescritiva, por exemplo: emprego de vírgula entre sujeito e predicado, nome e complemento, verbo e complemento etc. Os dados de uso não convencional passaram por análise lógico/semântica para averiguar as possíveis relações dessa natureza indiciadas por meio dos usos de vírgula pesquisados. A escolha metodológica em analisar os usos não-convencionais de vírgula justifica-se por possibilitarem a recuperação de processos linguísticos operados na enunciação. Propôs-se, teoricamente, neste trabalho, que a vírgula seja percebida como indício de operações de seleção e organização da língua realizados pelo locutor no ato da enunciação com fim de comunicar sentidos. Interpretamos os dados considerando a diferença existente entre dois processos distintos que envolvem a escrita: o ato de escrever e o ato de ler. O quadro teórico que subsidia este trabalho parte de discussões sobre heterogeneidade da escrita, emprego de vírgula, relação entre vírgula e prosódia, ritmo da escrita e enunciação. A análise dos dados possibilitou a compreensão de que (i) a orientação sintática não dá conta dos usos efetivos de vírgula, (ii) os usos de vírgula, nos textos estudados, mais indiciam relações entre as partes do discurso que as segmenta, (iii) os usos de vírgula considerados como “erros” na gramática prescritiva se justificam pelos efeitos de sentido que indiciam, (iv) a assunção de que o uso da vírgula bem como seu ensino considere, para além da organização sintática que ele indicia, os sentidos requeridos na enunciação. Este trabalho se justifica, portanto, pela dificuldade generalizada no emprego de vírgula que atenda a norma padrão, pelo número reduzido de pesquisas que abordem esta temática e, por fornecer subsídios tanto para o emprego de vírgula, quanto para o seu ensino.