“Quantas curtidas merece essa trans?”: a recepção da transexualidade nas mídias digitais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Vieira Junior, Luiz Augusto Mugnai [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/180373
Resumo: As mídias digitais juntamente com seus aparatos multifuncionais possibilitaram um protagonismo de seus usuários no processo de comunicação. Comentar em um Portal de notícia ou compartilhar, seguir, curtir ou se organizar em um grupo na Rede Social permitiu que os seus usuários expusessem mais efetivamente as suas opiniões assim como também possibilitou uma maior visibilidade de grupos sociais como os das pessoas transexuais. A partir de uma investigação antropológica imersiva oculta em ambientes on-line utilizando-se dos estudos de recepção a presente pesquisa teve como a principal problemática compreender a receptividade da transexualidade. Procurou-se entender quais argumentos têm fundamentado os discursos deslegitimadores da transexualidade e aqueles legitimadores da experiência das pessoas trans. Dessa forma a pesquisa analisou os discursos sobre transexualidade a partir de comentários feitos por leitoras/es do Portal Globo.com - publicações em suas versões digitais e de grupos compostos por pessoas que se identificam ou não com as transexuais alojados no Facebook. Como também as falas de figuras expressivas circulantes na internet que ao falar de identidade e ideologia de gênero se mostram tanto articuladas ou não com o discurso das transexuais. Coube a participação da ex- Big Brother Brasil 11, Ariadna Arantes, introduzir a mudança tanto, na frequência, como no tom dos discursos que deixam de ser anedóticos para se mostrarem mais políticos nas matérias sobre transexualidade publicadas no Portal Globo.com. Por meio da análise dos dados que se valeu dos estudos de gênero e sexualidade que dialogam com vertentes pós-estruturalistas observou que os comentários deslegitimadores em sua maioria se fundamentam de enunciados de exclusão, desumanização e distorção e, que por sua vez, se apropriam regularmente de discursos sociais que percebem a pessoa transexual como antinatural, antimoral e anticristã. Em relação antônima aos discursos que não reconhecem os direitos das pessoas transexuais, os legitimadores da transexualidade elaboram em grande parte os seus enunciados por meio da inclusão, humanidade e esclarecimento se utilizando frequentemente de discursos natural/antrópico, moral/laico e cristianismo ampliado/superado sobre as pessoas transexuais. As preocupações que conduziram a pesquisa foram atravessadas pelo advento de combate aos estudos de gênero chamado por seus opositores de “ideologia de gênero”, num cenário em que as palavras pertencentes ao vocabulário de gênero trouxeram não somente uma disputa semântica conceitual, mas também uma resistência e batalha on-line. Ademais, a maior visibilidade da transexualidade nos meios digitais revelou, sobretudo, conservadorismos, e a predominância de discurso deslegitimador que tem como base a misoginia e a demonização de gênero, assim como visibilizou mudanças nas redes on-line da inclusão positivada e humanizada das pessoas trans.