Análise das experiências sociais e subjetivas de mulheres trans: um estudo sobre rupturas e continuidades geracionais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Pereira, Maiara Cristina
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/191868
Resumo: Resumo Entende-se trans como um termo que abarca as identidades que subvertem a norma binária de gênero. As pessoas trans são aquelas que não se identificam com o gênero que lhe foi atribuído ao nascimento, confrontando a ótica naturalizadora que entende órgão genital e gênero como correspondentes. Devido a isso, as identidades trans são entendidas como patológicas do ponto de vistabiomédico. Por meio de critérios diagnósticos tenta-se padronizar as experiências trans em busca de uma verdade sobre esses corpos. Entretanto, as trajetórias trans não são padronizadas e modificam-se conforme os marcadores sociais das diferenças, do qual a geração é um marcador relevante, pois possibilita identificar as alianças mantidas e rupturas realizadas na interação entre diferentes gerações. Nesse sentido, analisar odiálogo entre a geração da qual essas pessoas fazem parte e suas identidades trans torna-se importante para entender como as dinâmicas sociais estão influenciando essas trajetórias. Assim, o objetivo da presente pesquisa é compreender a relação entre as trajetórias de mulheres trans e suas respectivas gerações por meio de uma investigação das experiências sociais e subjetivas dessas mulheres. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com seis mulheres trans, selecionadas por meio do método snowball. As entrevistas foram gravadas e em seguida transcritas. Para tratamento e análise dos dados utilizou-se o método hermenêutico dialético, sendo assim as transcrições das entrevistas passaram por leitura até a impregnação do conteúdo. As categorias de análise foram intencionalmente investigadas ou surgiram de modo espontâneo na narrativa das participantes. Emergiram as categorias que mencionaram a concepção de feminilidade e masculinidade, os marcadores subjetivos envolvendo percepção de si, transição, relação com o corpo, aspectos psicológicos e afetivos, aspectos sociais e vínculos como suportes afetivos. Foi possível verificar que entre as trajetórias das participantes ocorreram mudanças geracionais, uma vez que foram identificadas rupturas na concepção de feminilidade e masculinidade. Em contrapartida, experiências envolvendo modificações corporais, transição, violências, aspectos sociais, sofrimento psíquico e afetividade foram compartilhadas de forma similar nas trajetórias das entrevistadas, mesmo que correspondentes a gerações distintas, o que permite pensar a existência de continuidades geracionais para esses aspectos. Com isso foi possível perceber que apesar da existência de rupturas geracionais e do aumento dos espaços sociais para a população trans, muitas experiências ainda são compartilhadas entre as trajetórias, o que permite pensar que as identidades trans ainda são estigmatizadas e sofrem violências por pertencerem a uma sociedade com uma compreensão naturalizadora e binária dos gêneros.