De barba e barrigão: histórias de gestação e parentalidade de homens trans

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Pereira, Pamella Liz Nunes
Orientador(a): Gaudenzi, Paula
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/56430
Resumo: A partir da segunda metade do século XX surgiram novos enunciados e enunciações sobre a sexualidade e as bordas estabelecidas nas condições de gênero se tornam menos nítidas. Neste bojo, questiona-se a existência de uma essência ontológica do sexo e com isso, entram em xeque as significações sobre o masculino e o feminino e sobre ser homem e ser mulher, além do, imperativo da reprodução sexual e do casamento como consequências de uma suposta natureza cisheteronormativa. No contexto destas transformações, nos últimos anos, tornou-se pública a imagem de homens trans grávidos ou ao lado de seus filhos biológicos, denotando uma ação performativa - até então marginalizada - do sujeito grávido, que incorpora a masculinidade e enuncia novos processos de construção política do gênero e dos papéis parentais. Neste trabalho, buscou-se compreender como os homens trans experienciaram a gestação e como eles exercem a parentalidade. Foram ouvidas as suas histórias de gravidez, através de entrevistas abertas, realizadas em encontros únicos, e complementadas por alguns encontros informais. Ao mergulhar nos relatos, pude acessar memórias marcadas pela ruptura com as expectativas heteronormativas relacionadas ao engravidamento e gravidez, bem como pude compreender que parentalidade é um importante aspecto da construção das masculinidades dos interlocutores. Apesar das grandes dificuldades enfrentadas durante a gravidez, que foi um período de experimentação da abjeção e não reconhecimento de si, após o nascimento dos filhos, a construção de uma vida como homem trans foi fortalecida a partir do exercício de criar/educar e da formação de um grupo familiar independente da família de origem.