Hesitações e constituintes prosódicos na fala infantil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Villega, Cristyane de Camargo Sampaio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/192801
Resumo: Propusemos investigar, na fala infantil, relações entre hesitações e as configurações de cinco dos constituintes prosódicos (Nespor; Vogel, 1986): enunciado fonológico, frase entonacional, frase fonológica, grupo clítico e palavra fonológica. A busca dessas relações foi orientada pelos objetivos: (i) verificar, nas ocorrências de hesitação, seu vínculo com constituintes prosódicos nos quais a informação fonológica se mostra relacionada a aspectos sintático-semânticos e a aspectos morfológicos e lexicais do enunciado; e (ii) observar, nos diferentes constituintes prosódicos, se as hesitações ocorrem, preferencialmente, nas posições fracas ou fortes que os compõem. Os dados foram extraídos de um banco composto por 147 situações de entrevistas (gravadas e transcritas) realizadas com crianças entre 5-6 anos de idade. Primeiramente, consideramos as ocorrências de hesitações que incidiram em dois grupos de constituintes prosódicos, de acordo com suas características estruturais: os mais altos (enunciado fonológico, frase entonacional, frase fonológica) – por apresentar interação com componentes sintático-semânticos; e os mais baixos (grupo clítico e palavra fonológica) – por apresentarem interação com componentes morfológicos e lexicais. Em seguida, consideramos as ocorrências de hesitações julgadas em posições fortes ou fracas dos cinco constituintes prosódicos selecionados. Foram detectadas, pelos juízes, 2.399 ocorrências hesitativas. Dessas ocorrências, verificamos que as hesitações incidiram nos dois grupos de constituintes. Fato que interpretamos como os dois modos pelos quais a língua se organiza. A hesitação, ao incidir nesses dois modos revelaria conflitos na seleção e na combinação de elementos linguísticos na emergência de uma cadeia sintagmática. Em outras palavras, as hesitações identificadas em níveis mais altos, a integração sintaxe/semântica/prosódia entre os elementos que se combinam na cadeia sintagmática ocorreu de forma conflituosa. Por outro lado, as hesitações identificadas em níveis mais baixos, a seleção de um elemento, dentre outros elementos passíveis é que se mostrou conflituosa. Embora as hesitações tenham emergido nos dois modos da língua/grupos de constituintes, estiveram mais fortemente envolvidas com os constituintes mais baixos. O que nos mostrou que, na fala das crianças analisadas, as hesitações demonstraram haver maior envolvimento/conflito com a seleção de elementos menores – grupos clíticos e palavras fonológicas / itens lexicais e morfológicos. Quanto à relação entre hesitações e proeminência relativa, verificamos: (1) maior porcentagem de hesitações em frase entonacional; (2) maior percentual de ocorrência hesitativas identificadas em posição fraca; (3) diferença estatística entre as posições, com exceção da palavra fonológica; e (4) na posição fraca, o grupo clítico apresentou maior incidência de hesitações. Verificamos que os fenômenos da língua vinculados a porções prosodicamente fortes e fracas de enunciados relacionem-se de forma diferente, a depender dos graus de proeminência em cada constituinte – revelando seu funcionamento extremamente complexo. Com efeito, são múltiplos os diferentes domínios prosódicos – pelos quais esse funcionamento pode ser descrito, além de que cada domínio se configura de diferentes maneiras, uma vez que estão em questão, na organização de cada constituinte prosódico, diferentes formas de relação entre a informação fonológica e a informação que com ela se relaciona, vinda de outros planos da gramática.