O modelo prosódico inicial do português brasileiro: uma questão metodológica?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Baia, Maria de Fátima de Almeida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-04022009-170524/
Resumo: O objeto específico desta pesquisa de mestrado é investigar qual o modelo prosódico inicial na aquisição do português brasileiro (doravante PB) e a possível influência da metodologia utilizada nos resultados. Partindo da pressuposição de que há uma gramática inicial, dada pela gramática universal (CHOMSKY, 1981), autores que lidam com línguas germânicas afirmam que o troqueu é o modelo prosódico default na aquisição (cf. GERKEN, 1994; FIKKERT, 1994), e o mesmo é defendido por estudos que lidam com outras famílias lingüísticas (cf. ADAM & BAT-EL, 2007 para o hebraico; PRIETO, 2005 para o catalão, por exemplo). No entanto, os dados infantis do PB trazem complicações para a suposta tendência trocaica universal, pois estudos observacionais (naturalísticos) encontram uma tendência iâmbica (SANTOS, 2001, 2007; BONILHA, 2004; BAIA, 2006). Apesar de haver no cenário da literatura brasileira debates e estudos recentes a respeito do modelo prosódico inicial (cf. RAPP, 1994; BONILHA, 2004; SANTOS, 2006, 2007), algumas questões ainda permanecem. A maior parte desses trabalhos é composta por estudos observacionais e não experimentais, o contrário do que normalmente acontece na literatura estrangeira. O único estudo experimental no PB conhecido até então é o de Rapp (1994), o qual afirma haver uma tendência trocaica nos dados iniciais do PB. Enquanto a autora aponta uma tendência trocaica, nenhum estudo observacional a confirma; ao contrário, estes estudos levantam indícios a favor de uma tendência iâmbica inicial (BONILHA, 2004; SANTOS, 2006, 2007; BAIA, 2006). Logo a pesquisa aqui conduzida visa verificar se há influência da metodologia empregada nos resultados apresentados pela literatura brasilera. Para isso, nesta dissertação, são utilizadas as duas metodologias na análise dos dados (a experimental e a observacional): no estudo experimental, são analisados dados de 42 crianças na faixa etária de 1;5 3;0 anos, e no estudo observacional, são analisados dados de uma criança (LUI) na mesma faixa etária do estudo experimental. Os resultados obtidos por meio dos dois estudos realizados nesta pesquisa corroboram o que é afirmado pelo estudo experimental de Rapp (1994) e pelos estudos observacionais (SANTOS, 2006, 2007; BONILHA, 2004; BAIA, 2006). Dessa maneira, os resultados apresentam a mesma discrepância a respeito da tendência prosódica inicial presente na comparação entre os estudos que adotam diferentes métodos. No entanto, foi encontrada uma explicação para o que ocasiona tal discrepância. Notou-se que os iambos diminuem se o léxico particular e os verbos são excluídos dos dados. Sem o léxico particular e verbos, há uma predominância de SW em DES e DEX. Dessa maneira, a diferença entre os resultados do estudo experimental e dos estudos observacionais está relacionada com a metodologia empregada e, particularmente, com o inventário lexical e classe gramatical considerados na análise. Por fim, acredita-se que o estudo que desconsidere todos os tipos de produções infantis não pode afirmar, categoricamente, uma outra tendência inicial. Por essa razão, afirma-se que o PB apresenta uma tendência iâmbica inicial, tendência defendida pelos estudos observacionais (BAIA, 2006; SANTOS, 2007) que lidam com a produção lexical infantil na sua totalidade, embora não se trate de uma tendência forte e seja apenas uma tendência aparente de acordo com os resultados estatísticos deste estudo. Palavras-chave: acento, prosódia, modelo prosódico inicial, aquisição de linguagem