Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Longo, Juliana Bonatto |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/244058
|
Resumo: |
Afastando-nos do olhar predominante para os sintomas de linguagem como erros patológicos, atipias ou desvios, os entendemos como possibilidade de produção de sentidos na constituição subjetiva. Apoiados na Análise do Discurso (PÊCHEUX, 1969; PÊCHEUX, 1975) com pontuações da psicanálise (LACAN, 1992), detivemonos na escuta de uma terapeuta para as hesitações da fala sintomática de uma criança, entendidas como indícios de subjetividade, na medida em que mostram, linguisticamente, momentos de instabilidades pré-consciente/inconscientes do sujeito com o (seu) dizer. Tivemos como hipótese que sua escuta para tais momentos seria discursivamente orientada – no sentido de que seria sócio-historicamente construída. A partir do conceito de escuta de Barthes (1976), tivemos como objetivo geral refletir, sob ótica linguístico discursiva, sobre o lugar teórico-metodológico do terapeuta de linguagem para a escuta das hesitações nessa fala sintomática. Decorreram desse objetivo geral, os seguintes objetivos específicos: (i) descrever, em registros de sessão de terapia fonoaudiológica, os momentos em que ocorreram hesitações na fala da criança; e (ii) observar, na terapeuta que a acompanhava, os recursos linguístico-discursivos que indiciariam o lugar teórico-metodológico em que escutava esses momentos de hesitação. Para o desenvolvimento deste estudo, foram utilizados registro filmado e transcrito de uma sessão de fonoterapia de uma criança do sexo feminino, com diagnóstico médico de Psicose Precoce e diagnóstico fonoaudiológico de Distúrbio de Linguagem, atendida individualmente por uma estagiária do Centro de Educação e Saúde da FFC/Unesp (o CEES). A estratégia verbal utilizada foi a conversação dirigida e semidirigida pela terapeuta em contexto de atividades lúdicas. Sobre os resultados, destacam-se: quanto ao primeiro objetivo, foi feita a quantificação dos enunciados com e sem hesitações e a descrição/caracterização dos enunciados que apresentavam hesitações. Os enunciados sem marcas hesitativas configuraram 80% da amostra, sendo, pois, classificados como “fluentes” na literatura predominante no campo da Fonoaudiologia. Já 20% dos enunciados apresentaram marcas hesitativas – ou, sob a perspectiva assumida, indícios mostrados de subjetividade. Quanto ao segundo objetivo, realizamos recortes da transcrição da sessão de terapia (que entendemos como processo discursivo) dos quais constavam hesitações. Dentre os cinco recortes analisados, em quatro deles, observamos características da prevalência da escuta da terapeuta a partir do lugar teórico/ideológico/metodológico que a orientava, ou seja, apesar de “ouvir”, em termos fisiológicos, e decodificar (BARTHES, 1976) o que a criança dizia, sua escuta permaneceu “colada” ao plano “pragmático” do processo, ocupando o lugar teórico e ideológico que a constituía como tal, ou seja, o de quem está no processo para ensinar a criança a brincar com os brinquedos com "funcionalidade". Em apenas um dos recortes, pudemos observar um deslocamento do lugar de interpelação da terapeuta, em que, brevemente, pela porosidade de sua escuta aos indícios do desejo do sujeito, atribuiu a ele um lugar de sujeito falante/desejante. Concluindo, reconhecer a singularidade da fala do sujeito poderia promover uma escuta capaz de apreender algo sobre os processos de constituição do sujeito da/na linguagem e sobre como os sintomas de linguagem – no caso deste estudo, as hesitações – indiciariam esses processos. |