A autossuficiência alimentar e o consumo de calorias e proteínas na América Latina e Caribe

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Bendinelli, Wellington Gustavo [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/182896
Resumo: Os desafios de alimentar a população mundial em crescimento serão ainda maiores no futuro. Estima-se que a atual população mundial de 7,3 bilhões de pessoas chegará a aproximadamente 10 bilhões no ano de 2050. O aumento da população mundial somado as mudanças no padrão de consumo alimentar têm ocasionado uma pressão sobre os sistemas de produções agrícolas por todo o mundo. Embora a disponibilidade global de alimentos tenha aumentado, a demanda alimentar não cresceu linearmente com o crescimento da população, pois a demanda per capita aumentou. Assim, nota-se que a mudança dos hábitos de consumo de alimentos tem sido em direção a dietas que demandam o uso mais intensivo dos recursos de produção como é o caso das carnes e dos produtos de origem animal como os laticínios. O aumento da demanda por produtos de origem animal tem aumentado ainda mais a pressão humana sobre os recursos produtivos como terras agricultáveis e a água. Uma vez em que esses recursos estão distribuídos diferentemente entre os países do mundo e limitam a produção de alimentos, esse contexto oferece desafios e oportunidades sobretudo para algumas regiões do mundo que ainda apresentam recursos produtivos como é o caso da América Latina e do Caribe (ALC). Dada a importância da ALC na produção de alimentos e seu potencial de impactar o consumo de alimentos de forma local e global, o trabalho analisou o equilíbrio entre a produção e o consumo de grupos alimentares na ALC, por meio da análise de mudanças do nível de autossuficiência alimentar (SSR), no período entre 1964 a 2013. De forma complementar buscou-se analisar a dependência externa dos países pertencentes à ALC, de modo a fornecer uma visão mais ampla da importância do papel do comércio internacional de alimentos e de como este pode afetar diferencialmente a segurança alimentar da região e verificou como as dietas mudaram na região em relação ao consumo de calorias, proteínas e gorduras no período. Os resultados demostraram que o GSSR da ALC como um todo aumentou e foi volátil ao longo de cinquenta anos. A região é mais do autossuficiente para os cereais, as carnes, óleos vegetais e açúcares (ou seja, apresenta GSSR > 1). Além do aumento da produção, as importações líquidas de alimentos têm aumentado sua importância e sido a principal solução para a manutenção dos elevados índices de autossuficiência na região. Em escala nacional, diferenças podem ser observadas em todo o continente latino-americano. Diminuições nos níveis de autossuficiência foram observadas para os grupos dos cereais e óleos vegetais em toda a América Central e Caribe e vários países da América do Sul, mesmo com o aumento das importações. Considerando a relação entre importações e o consumo doméstico expresso pelo indicador RDI, o déficit de produção foi compensado cada vez mais pelo aumento das importações de alimentos, e o comércio de produtos alimentícios, portanto, aumentou em importância para garantir um suprimento adequado de alimentos. Em relação às tendências de consumo, a estrutura alimentar na ALC mudou em cinquenta anos. Observou-se que as dietas são cada vez mais abundantes em calorias (advindas de óleos vegetais, açúcares) e alimentos de origem animal. O aumento no consumo de proteína de origem animal, amplamente relacionado sobretudo ao consumo crescente de proteína da carne, é um marcador da transição nutricional e afeta a região como um todo.