"Estado nutricional e consumo alimentar de indivíduos de diferentes áreas socioeconômicas de Ribeirão Preto: comparação entre 1991/93 e 2001/03"

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Pallos, Daniela Vieira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-17082006-164706/
Resumo: Os estudos sobre os hábitos e comportamentos alimentares da sociedade são importantes para auxiliar na compreensão da relação que se estabelece entre as práticas alimentares e o surgimento de doenças na população. Desde meados do século XX, o Brasil vem apresentando mudanças no padrão de morbi-mortalidade de sua população, ou seja, ao mesmo tempo em que indivíduos de áreas economicamente mais carentes sofrem com o problema da desnutrição, outra grande parcela populacional convive com doenças degenerativas ou crônico não-transmissíveis. Esse fenômeno, chamado de transição nutricional, surgiu primeiramente nos países desenvolvidos e atualmente atinge os países em desenvolvimento de forma mais acelerada. Diante desta realidade, este trabalho teve por objetivo comparar o estado nutricional e o consumo alimentar de 575 indivíduos adultos moradores de quatro bairros da cidade de Ribeirão Preto – SP, com características socioeconômicas distintas e em dois momentos diferentes, 1991/93 e 2001/03. Para avaliação do estado nutricional foi realizado o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), no qual os indivíduos foram pesados e medidos e classificados segundo os padrões da Organização Mundial de Saúde. As informações sobre o consumo alimentar foram obtidas pelo método do recordatório de 24 horas e a ingestão de calorias, carboidratos, proteínas, gorduras totais e suas frações, colesterol e fibras foi calculada com auxílio de software nutricional. Também, analisou-se a qualidade da alimentação dos indivíduos pela avaliação do número de porções alimentares consumidas, segundo os oito grupos de alimentos da Pirâmide Alimentar Brasileira. Os dados foram transferidos para a planilha do SPSS (Statistical Package for Social Sciences) onde os cálculos estatísticos foram realizados (análise de variância - ANOVA, teste de Bonferroni e teste-t). Como resultados houve diminuição do consumo de alimentos do grupo de pães e cereais e aumento do consumo de carnes e ovos, açúcar e alimentos ricos em gorduras saturadas e colesterol. O consumo de frutas, verduras, hortaliças e fibras aumentou de 1991/93 para 2001/03, entretanto a ingestão permaneceu bem abaixo dos níveis recomendados. Refrigerantes e produtos prontos industrializados também cresceram muito no período. Notou-se ainda que os moradores do bairro com menor renda familiar média tiveram aumento significativo do IMC juntamente com elevação do consumo de gorduras totais e saturadas e do número de porções de carnes e ovos. Já os habitantes do bairro de maior renda familiar média diminuíram o consumo de gorduras totais e saturadas e mantiveram a ingestão adequada do número de porções de carnes e ovos. Esse paradoxo que o país enfrenta tem despertado interesse de vários segmentos na busca de soluções, cujos resultados serão promissores se envolverem não só as ciências nutricionais, mas outras áreas como a economia, a sociologia, a administração e a psicologia, associado ao trabalho de conscientização do papel dos atores sociais (pais, educadores, profissionais da saúde, governantes) responsáveis pela reversão deste quadro tão complexo.