Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Nascimento, Rodrigo Cavalcanti do |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/183072
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Resumo: |
No início do século XXI, o território brasileiro foi marcado pela emergência das imobiliárias agrícolas financeirizadas. Trata-se de empresas agrícolas vinculadas ao capital financeiro que têm a terra como principal ativo financeiro. O surgimento dessas empresas no país remonta a recente corrida por terras de proporções globais, conhecido como land grabbing. Caracterizado pela forte relação entre o capital financeiro e o mercado de terras, o fenômeno de land grabbing foi intensificado nos Cerrados brasileiros a partir das estratégias adotadas pelas imobiliárias agrícolas financeirizadas da captura da renda fundiária, colocando em oposição à lógica de rentabilidade financeira e as comunidades locais. Diante dessa dialética entre o global e o local, partimos da concepção de que o interesse do capital financeiro no controle de terras e na produção agrícola moderna impõe uma nova lógica de rentabilidade às imobiliárias agrícolas financeirizadas, resultando numa série de conflitualidades nas áreas de Cerrado. Em busca dessa constatação, esta tese analisou as estratégias de uso do território brasileiro pela empresa BrasilAgro. Dedicando-se em responder algumas questões: como que o capital financeiro vem impondo a sua lógica de rentabilidade as imobiliárias agrícolas financeirizadas? Quem são os agentes financeiros que estão por trás da BrasilAgro? Quais são os seus reais interesses desses agentes de efetuar investimentos em terras/agricultura? Quais são as estratégias da empresa de captura da renda da terra? Como que a atuação da BrasilAgro se relaciona com o land grabbing? Quais são as consequências territoriais dos seus investimentos nas comunidades locais? As informações foram obtidas a partir de trabalhos de campo (entre 2015 e 2018), com visitas: à sede corporativa da empresa na cidade de São Paulo, a algumas de suas propriedades agrícolas, às comunidades locais afetadas pelos investimentos, a instituições públicas (UFBA, unidade de Barreiras/Bahia), representantes da sociedade civil (Comissão Pastoral da Terra - regional Correntina -, Ong. 10envolvimento e membros da comunidade do Capão do Modesto), além do levantamento de dados em jornais e revistas especializadas, livros, artigos científicos e relatórios. A BrasilAgro surgiu, em 2005, da parceria entre agentes, Eduardo Elsztein (um dos representantes do capital financeiro argentino com expertise no mercado imobiliário urbano), e o brasileiro, Elie Horn, com o intermédio do megainvestidor George Soros. A BrasilAgro é uma empresa brasileira pioneira no segmento de exploração de imóveis agrícolas a listar nas Bolsas de Valores de São Paulo e de Nova York. Seus negócios se concentram na comercialização de propriedades agrícolas. Para atender aos anseios dos acionistas por elevada rentabilidade, a empresa procura adquirir grandes extensões de terras brutas, com o intuito de transformá-las em áreas produtivas, combinando preferencialmente a produção de flex crops com inversões de capital (infraestrutura e sistemas técnicos agrícolas). Esse último, além de elevar artificialmente a qualidade e a produtividade da terra, promove a precificação das propriedades no mercado especulativo de terras nas áreas de fronteira agrícola, como o Cerrado. Desde 2006, a empresa adquiriu mais de 250 mil hectares de terras próprias situadas em sete estados brasileiros, como: Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí. O aumento da especulação e comercialização de terras estimula a abertura de novas áreas, com significativa alteração no uso do território em relação à expropriação de terras, as conflitualidades e a concentração fundiária. |