Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Sandes, Marcel di Angelis Souza |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-06022023-180422/
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Resumo: |
Esta tese tem como objetivo investigar as transformações recentes ocorridas no território do Paraná tomando como recorte os anos 1970 e tendo como referência o avanço das modernas lavouras de soja. Os anos 1970 foram marcados por profundas transformações na agricultura, atividade econômica escolhida para fazer o ajuste das contas externas brasileiras e bancar a modernização da estrutura produtiva nacional por meio da geração de saldos comerciais positivos, configurando assim uma inserção na divisão internacional do trabalho baseada na exportação de commodities agrícolas, agora em bases modernas. No plano internacional, o \"milagre econômico\" brasileiro foi contemporâneo do estabelecimento da hegemonia do capital a juros e do capital fictício na determinação dos processos de acumulação em escala global. A tese é que a modernização da agricultura no Paraná representou a completa subordinação do seu território a configurações econômicas ditadas pelos interesses do capital a juros e do capital fictício nacional e internacional, com a devida mediação do Estado brasileiro e do Estado paranaense, especialmente por meio das políticas de crédito subsidiado e do estabelecimento de cooperativas agroindustriais como forma desenvolvida de organização da produção e da circulação das mercadorias agrícolas no mercado mundial, as commodities agrícolas. Como resultado da necessidade de fazer frente à dívida crescente sob a qual se sustentou a modernização brasileira, como fruto da concorrência entre os capitais e como resultado do nivelamento das produtividades graças ao crédito subsidiado, a tendência verificada foi a de homogeneização do uso do território paranaense representado na expansão da propriedade rural produtora de soja que, embora ainda apresente dimensões significativamente inferiores às de outros estados da federação onde a soja também é cultivada com fins comerciais, apresenta os maiores níveis mundiais de produtividade. Na busca por essas respostas ainda nos deparamos com uma historiografia regional que leu e ainda hoje reproduz a noção de um território historicamente cindido por divisões regionais que no limite apresentam interesses/identidades antagônicos. Argumentamos que por uma série de processos que estiveram na base da privatização da terra nesse estado a formação do território paranaense teve muito mais elementos de semelhança do que de diferenciação, semelhança que tem sido reforçada, sob novas determinações, com o desenvolvimento das lavouras de soja. Entender tais processos de privatização da terra foi importante ainda para a compreensão da acumulação dos capitais em geral, da dinâmica de circulação do capital fixo em sua relação com os diferenciais de fertilidade do solo, resultando em um território onde as terras agrícolas mecanizáveis atingem os maiores preços do país, exercendo intensa pressão concentradora, separando os agricultores dos seus meios de produção, mobilizando o trabalho para as cidades, num processo simultâneo de metropolização e dizimação das pequenas cidades interioranas, cidades fantasmas à imagem e semelhança das fantasmagorias do capital, uma paisagem muito distante da imagem de prosperidade e riqueza propalada pelos arautos da modernização. |