Ocorrência de Coxiella burnetii em ruminantes domésticos e selvagens no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Zanatto, Diego Carlos de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/182212
Resumo: Coxiella burnetii é uma bactéria Gram-negativa intracelular obrigatória, que além de considerado agente zoonótico causador da Febre Q em vários países do mundo, foi classificado como um potencial agente de bioterrorismo. Bovinos, ovinos e caprinos representam as fontes de infecção mais frequentemente associadas à ocorrência da enfermidade em humanos, entretanto animais selvagens também podem atuar como importantes fontes de infecção. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo investigar a ocorrência de Coxiella burnetii em ruminantes domésticos e selvagens no Brasil. Para tal, 188 amostras de sangue de cervídeos (143 Blastocerus dichotomus, 11 Ozotocerus bezoarticus, 27 Mazama gouazobira, 4 M. bororo e 3 M. americanum), capturados nos estados de MS, SP e MG, foram submetidas à extração de DNA e, subsequentemente, à nested (n)PCR para C. burnetii baseada no elemento de inserção repetitivo IS1111 do gene heat shock protein (htpAB). Além disso, 169 amostras de soro de cervídeos foram submetidas à Reação de Imunofluorescência para detecção de anticorpos IgG anti-C. burnetii. Amostras de soros de bovinos apresentando desordens reprodutivas foram submetidas às Reações de Vírus Neutralização para BoHV-1 e BVD, Soroaglutinação Microscópica para Leptospira spp., Reação de Imunofluorescência Indireta for C. burnetii e Toxoplasma gondii, e Ensaio de Imunoabsorção Enzimática Indireto para Neospora caninum e Trypanosoma vivax. Todas as amostras de sangue mostraram-se negativas na nPCR, evidenciando ausência de DNA circulante de C. burnetii nos cervídeos amostrados. Alternativamente, a concentração de DNA do agente poderia estar abaixo do limiar da técnica de nPCR utilizada. Na RIFI, 5,32% (9/169) dos cervídeos (7 B. dichotomus e dois M. gouazoubira amostrados no MS) mostraram-se positivos frente ao antígeno de C. burnetii, com títulos variando entre 256 e 16384. A soropositividade para C. burnetii em bovinos foi de 13,7%, com títulos de 128 a 131,072; 57,8% para BoHV-1, com títulos entre 2 a 1,024; 47,1% para BVDV-1a, com títulos de 10 a 5,120; 89,2% para N. caninum; 50% para T. vivax; 52,0% para Leptospira spp., com títulos entre 100 a 800 (sorovares: Tarassovi, Grippotyphosa, Canicola, Copenhageni, Wolffi, Hardjo, Pomona e Icterohaemorrhagiae); e 19,6% para T. gondii com título de 40. Este é o primeiro estudo que evidencia a soropositividade para C. burnetii associada à presença de anticorpos para o Vírus da Rinotraqueíte infecciosa bovina (BoHV) e da Diarreia Viral Bovina, N. caninum, Leptospira spp., T. gondii e T. vivax em bovinos. Ainda, trata-se do primeiro estudo a mostrar evidência sorológica de exposição à C. burnetii em cervídeos na América Latina. Conclui-se então que há evidências da circulação de Coxiella burnetii entre cervídeos de vida livre e bovinos no Brasil.