Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Meurer, Igor Rosa
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Orientador(a): |
Corrêa, José Otávio do Amaral
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Banca de defesa: |
Vanelli, Chislene Pereira
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Ribeiro, Joao Batista
,
Paula, Ana Cláudia Chagas
,
Costa, Fabiano Freire
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Correa, José Otávio do Amaral
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Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Saúde Brasileira
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Departamento: |
Faculdade de Medicina
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/11968
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Resumo: |
Introdução: A febre Q é uma zoonose de distribuição mundial causada pelo patógeno Coxiella burnetii, uma bactéria que, além de apresentar resistência e estabilidade ambiental, é um dos agentes mais infecciosos ao ser humano. Sua principal forma de transmissão à população humana ocorre através da inalação de aerossóis contaminados com produtos de animais infectados, principalmente bovinos, caprinos e ovinos. A infecção em humanos apresenta um amplo espectro de manifestações, desde casos assintomáticos até complicações graves e fatais. Por apresentarem um quadro clínico semelhante ao da dengue na fase aguda, associado ao seu desconhecimento por parte dos profissionais de saúde, casos de febre Q podem estar sendo equivocadamente diagnosticados e tratados como dengue. Fato este que aumenta os custos do sistema público de saúde, assim como o risco da ocorrência da febre Q crônica, especialmente em pacientes com lesão de válvula cardíaca e imunocomprometidos. Objetivo: Investigar a prevalência de febre Q em casos suspeitos de dengue em Minas Gerais, investigar sua soroprevalência, avaliar os fatores associados a essa zoonose, descrever o perfil epidemiológico dos pacientes e comparar o método de ELISA frente ao método padrão ouro de diagnóstico da febre Q, a Imunofluorescência Indireta (IFI). Metodologia: Foram selecionadas 437 amostras, únicas, de soro de pacientes com suspeita de dengue, coletadas entre um e dez dias de sintomas, de diferentes municípios de Minas Gerais, enviadas à Fundação Ezequiel Dias no período entre janeiro de 2017 e agosto de 2018 para o diagnóstico da dengue e que apresentaram resultado negativo. Os testes realizados para investigação de C. burnetii (febre Q) foram: Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real (qPCR), Imunofluorescência Indireta e ELISA. Trata-se de um estudo transversal de prevalência. Os resultados encontrados foram analisados por meio de estatística descritiva. Resultados: Não foi detectado o DNA de C. burnetii em nenhuma das 437 amostras de soro analisadas pelo método de qPCR. Pelo método de IFI, 25 amostras (5,72%) foram reativas para pelo menos uma classe de anticorpos anti-C. burnetii e apresentaram títulos de anticorpos abaixo do ponto de corte para considerar a febre Q ativa. A mesorregião Metropolitana de Belo Horizonte concentra a maior parte desses pacientes reativos. Ao investigar os fatores associados, os bovinos representaram mais de 80% em relação à soma dos efetivos de cabeças de bovino, caprino e ovino dos municípios que apresentaram pacientes reativos. A análise do parâmetro “zona (área) de moradia” do perfil epidemiológico dos pacientes reativos demonstrou que 12,50% e 5,19% dos pacientes que residem na zona rural e urbana, respectivamente, foram reativos. A sensibilidade, em uma análise geral, do método de ELISA foi de 13,04%, enquanto que a especificidade foi de 98,55%. Conclusão: Esses resultados indicam que 5,72% dos pacientes tiveram uma exposição prévia ao agente causador da febre Q e que residir na zona rural aumenta as chances a essa exposição. Além disso, demonstram que esse patógeno apresenta circulação em humanos no estado de Minas Gerais. Entre os principais animais relacionados à transmissão de C. burnetii aos seres humanos, os bovinos foram o principal fator associado. O método de ELISA empregado não é indicado como método de triagem para o diagnóstico sorológico da febre Q, podendo ser utilizado como método confirmatório caso algum resultado negativo obtido por outro método seja duvidoso. Por fim, a inclusão da febre Q como uma doença de notificação compulsória em humanos e a atuação conjunta dos setores de saúde humana e de saúde animal no enfrentamento a essa zoonose, numa perspectiva de saúde única (One Health), contribuirão para que a febre Q deixe de ser negligenciada e seja mais bem investigada no Brasil, reduzindo, assim, os prejuízos causados por ela. |