O dispositivo analítico no hospital na clínica com transexuais: entre o ser e o sujeito

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Elias, Valéria de Araujo [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/135862
Resumo: A presente tese, circunscrita no campo da psicanálise de Freud e Lacan, compõe-se de capítulos concebidos em forma de cinco ensaios com o objetivo de tratar teórica, técnica e eticamente o tema do transexual em sua demanda de transexualização no contexto hospitalar, em que a clínica psicanalítica é uma das áreas na qual esse apelo se faz. A pesquisa se situa em duas dimensões. Uma institucional enquanto cenário de produção de discursos e acolhimento das demandas, tendo como referência uma prática ocorrida em um serviço público que presta assistência a usuários(as) transexuais, e uma clínica, quando se trata do encontro com os sujeitos desta demanda, dos sintomas e seu tratamento. Oferece os principais pontos teóricos do percurso psicanalítico em relação ao tema transexual e suas consequências clínicas, de modo a orientar o dispositivo analítico no hospital que se ocupa da clínica do sujeito, contribuindo tanto com a posição do analista quanto com a equipe. Conclui-se que não há um critério estável de classificação estrutural para essa clínica, destacando-se a importância de não ceder às cristalizações de conceitos teórico-clínicos e, sem abrir mão da ética e do rigor necessário para se manter no campo teórico de Freud e Lacan, permitir remanejamentos no diagnóstico analítico para acompanhar esses casos. Propõe-se uma abertura às construções teórico-clínicas sobre a transexualidade, centrando-se nas últimas formulações de Lacan e sua proposta sobre a clínica do sinthoma, investigando sua pertinência, de modo a orientar um trabalho possível com sujeitos ditos transexuais. Considera-se que esta configuração clínica se define a partir de uma escuta aplicada ao singular, ao caso a caso, em sua relação com sua subjetividade, modo pelo qual o sujeito pode ter acesso a seu próprio saber sobre si. Analisa a experiência de corporeidade presente no discurso transexual, a consequência das modificações corporais promovidas pela biotecnologia, tendo como foco o que se apresenta na clínica, na cena contemporânea e no campo institucional. Reflete sobre a presença do dispositivo analítico no campo das avaliações e decisões para o processo transexualizador destacando-se a particularidade desse trabalho, a fim de oferecer uma contribuição aos profissionais que se deparam com esta demanda nas instituições e que possam se servir desta experiência para configurar sua clínica. Evidencia-se que é o modo de resposta do profissional frente aos pedidos a ele dirigidos que o diferencia e sustenta sua práxis na interlocução com os outros saberes. A sustentação dessa posição implica a possibilidade de manutenção da subjetividade diante da ameaça da exclusão do sujeito responsável em prol da objetividade científica, ponto fundamental a ser considerado nesse trabalho.