Frequência da disfagia orofaríngea e sua relação com o desfecho clínico em pacientes acometidos por acidente vascular cerebral isquêmico tratados em uma unidade brasileira de referência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Quinalha, Mariane Monteiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/204647
Resumo: Introdução: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) representa globalmente a segunda causa de morte ao redor do mundo e está entre as principais causas de incapacidades. Dentre toda a sintomatologia que o paciente com AVC pode demonstrar, a disfagia orofaríngea é uma delas. A alteração de deglutição se relaciona ao aumento no risco para o desenvolvimento de pneumonia em relação aos pacientes com deglutição normal. Stroke-Associated Pneumonia (SAP) é a terminologia que vem sendo utilizada neste contexto. A grande preocupação está voltada para o impacto que a SAP pode exercer sobre o desfecho dos pacientes, principalmente na mortalidade. Na literatura, são escassos os estudos que abordam a frequência da disfagia, as taxas de SAP e de óbito, bem como as relações entre si nas Unidades de AVC (U-AVC) brasileiras. Objetivos: Verificar a frequência da disfagia na fase aguda do AVC isquêmico em pacientes internados em uma U-AVC brasileira; determinar as taxas de SAP, de óbito intra-hospitalar, no primeiro ano após o AVC, e comparar esses dados entre si; analisar a capacidade de identificação da disfagia pela avaliação clínica fonoaudiológica utilizada na U-AVC em questão. Metodologia: Foi delineado um estudo observacional e retrospectivo, que utilizou a análise do prontuário eletrônico (Sistema MV Soul) no período de julho de 2016 a dezembro de 2017. Foi utilizado o método clínico de avaliação da deglutição para identificação da disfagia; critérios específicos para o diagnóstico de SAP; e buscados os registros de óbito. O exame de videofluoroscopia realizado em parte da amostra, analisado por meio da escala Dysphagia Outcome and Severity Scale (DOSS), foi utilizado para cálculo da sensibilidade, especificidade, valores preditivos positivo e negativo da avaliação clínica, visto a escassez de ferramentas clínicas validadas para uso na população brasileira. Resultados: Foram analisados 601 prontuários, mas apenas 239 atenderam à metodologia proposta. A disfagia foi identificada em 119 (49,8%) pacientes; 32 (13,4%) desenvolveram SAP; 20 (8,4%) morreram durante a internação e outros 26 casos nos primeiros 12 meses após o AVC isquêmico, elevando a taxa de mortalidade para 19,2% nesse período. Foram encontrados valores de sensibilidade de 76,7%; especificidade de 83,3%; valor preditivo positivo de 92% e valor preditivo negativo de 58,8% para identificação da disfagia pela avaliação clínica. Conclusão: Concluiu-se por meio de modelos de regressão logística multivariada que a disfagia orofaríngea é uma variável preditora independente para o desenvolvimento de SAP, mas não é para o desfecho de mortalidade. Há associação entre SAP e mortalidade. O desenvolvimento de SAP é uma variável preditora independente tanto para o óbito intra-hospitalar quanto para o óbito nos primeiros 12 meses após o AVC isquêmico. O método clínico de avaliação da deglutição na U-AVC resultou em alta sensibilidade (76,7%), alta especificidade (83,3%), alto valor preditivo positivo (92%) e valor preditivo negativo de 58,8%.