Deglutição e voz em idosos com sequelas de acidente vascular encefálico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Bovolin, Paula de Campos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Voz
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/25/25143/tde-23042014-092326/
Resumo: Distúrbios neurológicos como o Acidente Vascular Encefálico (AVE) podem causar alterações nos mecanismos responsáveis pela voz e deglutição, levando a quadros de disfonia e disfagia neurogênica, sendo que a maioria dos estudos aborda tais aspectos separadamente. O objetivo do presente trabalho foi estudar as funções de deglutição e voz, bem como a relação entre ambas, em indivíduos com sequelas de AVE. Foram analisados, para este estudo retrospectivo, os prontuários e exames de 30 idosos com média de 72 anos de idade. Foram realizados: aplicação de questionários referentes a queixas de deglutição e voz; avaliação perceptivo-auditiva da voz por meio da escala GRBASI; videoendoscopia da deglutição para classificação do grau da disfagia, da penetração e aspiração, além da taxa de gravidade de secreção; videoendoscopia da fonação, para observação de aspectos morfológicos e funcionais. Para verificar as correlações entre variáveis quantitativas e/ou qualitativas ordinais foi utilizado o Coeficiente de Correlação Spearman. Para verificar associação entre variáveis qualitativas nominais foram utilizados o teste exato de Fischer e o teste de Mann-Whitney. Em todos os testes foi adotado nível de significância de 5%. Para verificar a concordância entre juízes foi utilizada a estatística Kappa. Observou-se que 46% dos indivíduos referiu queixa vocal e voz muito fraca, 43% apresentou sensação de catarro preso na garganta e tosse; 46% dos indivíduos referiu dificuldades para mastigar, 36% engasgo durante as refeições e 32% ingestão de líquidos para ajudar na deglutição e tosse após as refeições. Na escala GRBASI, a maioria dos indivíduos apresentou o grau geral de disfonia e a rugosidade moderados para conversa espontânea e grau geral de disfonia e instabilidade moderados para a vogal /a/ sustentada. Com relação aos aspectos morfológicos, foi possível observar assimetria laríngea (73%), arqueamento bilateral da porção membranosa da prega vocal (77%) e saliência bilateral do processo vocal (77%). Quanto aos aspectos funcionais, observou-se fenda (57%), constrição supraglótica anteroposterior (57%) e constrição mediana (80%). A maioria dos indivíduos (83%) apresentou classificação 6 na escala DOSS, nível 1 para a consistência líquida (57%) e nível 0 para pastosa (57%) e sólida (63%) na escala de Taxa de Gravidade de Secreção. Foram encontradas relações entre sintomas de cansaço depois de falar muito com dificuldade para deglutir os alimentos (p=0,03), engasgo durante as refeições (p=0,00) e tosse após as refeições (p=0,01). Observou-se também relação entre catarro preso na garganta e engasgo durante as refeições (p=0,04), entre pigarro na garganta e ingestão de líquido para ajudar na deglutição (p=0,03), e entre pigarro na garganta e pigarro após as refeições (p=0,00). Ainda, foi observado que houve correlação entre estase em valécula para a consistência sólida e as características vocais de soprosidade (p=0,01) e astenia (p=0,02); relação entre a gravidade dos sinais de alteração da deglutição com a configuração laríngea. Concluiu-se que as características de voz e deglutição apresentadas pela população estudada foram semelhantes às frequentemente encontradas em idosos e que houve relações entre as funções de deglutição e voz.