Ato: fundamentos de feitura para danças negras teatrais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Paula, Franciane Salgado de [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/243017
Resumo: Neste trabalho, proponho a sistematização do fazer-saber para a criação artística em dança a partir de princípios de existência presentes nos modos de vivência e saberes da comunidade-terreiro Inzo Musambu Hongolo Menha – Casa do Arco-Íris, nas reminiscências bantu-kongo presentes nela e num repertório estético de dança teatral contemporânea que perpassa toda a formação e vivências artísticas por mim experienciada. Tendo como pressupostos a compreensão de que somos muntu (ser humano para povos banto); de kalunga (força da criação) como motriz dramatúrgica para apreensão das complexas sutilezas motriciais das danças da tradição de matrizes africanas e das danças teatrais contemporâneas; e da encruzilhada como espaço de amálgama dos gestos, foi elaborada uma série de aulas-laboratórios nomeadas de “Ntoto” (terra), para o despertar de muntu da(o) artista da dança, artista cênico; de “Maza” (água), para assentar seu estado de movência rítmica; de “Ntubudí“ (ventarola), para a sua expansão corporal e de suas ações rítmicas com/no espaço e, por fim, “Nzila” (sistema), para o encontro de todo o conjunto de procedimentos de investigações técnicas e criativas vividas para o ato de dançar cenicamente. Para a corporificação da tese partindo desta sistematização, deu-se a criação do ensaio poético coreográfico Ato. O chão metodológico para o desenvolvimento desta pesquisa foi a proposta pluricultural Corpo e Ancestralidade, que abarca concomitantemente as instâncias da prática artística, da pesquisa de campo e vivências comunitárias-familiares, considerando relevante as experiências da pesquisadora em suas práticas artísticas, artístico-pedagógicas e em sua comunidade-terreiro na relação com as experiências das(os) intérpretes-criadoras(es) de Ato, aproximando os aprendizados artísticos dos aprendizados na comunidade-terreiro, o espaço de criação artística com o processo iniciático regido pelo segredo e o jogo. Ao entrelaçar as várias encruzilhadas artísticas, estéticas, culturais e de modos de vida no presente trabalho, busquei instaurar um rito cênico e fundamentar uma prática de dança negra teatral evidenciando a sua poética cosmogônica das relações concretas entre mundos visível e invisível na espiral do espaço-tempo-ser, circunscrevendo abordagens éticas, artísticas e estéticas afrorreferenciadas e fomentando nas(os) interpretes-criadoras(es) de Ato modos de vivência em arte numa perspectiva da poética da presentificação oriunda das artes tradicionais africano-brasileiras.