Os Prazeres do Balneário, sob as bênçãos de Yemanjá: Religiões Afro-brasileiras e Espaço Público em Pelotas (RS)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Campos, Isabel Soares
Orientador(a): Rubert, Rosane Aparecida
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Departamento: Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpel.edu.br/handle/ri/2841
Resumo: A presente pesquisa aborda os impasses para a plena realização de uma festividade religiosa, popular de matriz africana, que ocorre há mais de cinquenta anos no Balneário Nossa Senhora dos Prazeres, localizado no bairro Laranjal, Pelotas (RS) – a Festa de Iemanjá. Esta festividade religiosa é celebrada no dia 2 de fevereiro, data comemorativa à Iemanjá e também à santa católica Nossa Senhora dos Navegantes, ocorrendo uma confluência entre as duas festas no fechamento de ambas. No entanto, há alguns anos surgiram diferentes formas de regramento da orla do Balneário Nossa Senhora dos Prazeres, popularmente conhecido como Barro Duro, em razão de uma maior preocupação, por parte do poder executivo municipal e poder judiciário, com a situação ambiental no referido balneário, transformado recentemente em Área de Preservação Ambiental. Concomitantemente, observa-se que o bairro, tradicionalmente ocupado por afrodescendentes e classes populares, vem mudando o perfil dos moradores, tornando-se o local um espaço de expansão do setor imobiliário direcionado para a classe média. Nesse sentido, ao mesmo tempo que se observa um confronto entre distintos princípios jurídicos – direito ao patrimônio versus preservação ambiental – configurando um conflito socioambiental, há uma crescente intervenção do poder público no sentido de regrar os usos daquele espaço por parte das religiões afro-brasileiras, para que o mesmo se torne mais atrativo para os novos segmentos que o procuram para residência. A etnografia realizada contemplou a observação participante nas Festas de Iemanjá de 2014 e de 2015 e, em Audiências Públicas e reuniões. Realizou-se, ainda, entrevistas qualitativas com interlocutores que ocupam diferentes posições dentro da rede de atores sociais, articulada em torno dos impasses que cerceiam a realização da Festa (Comunidade Religiosa, Campo Ambiental e Esfera Política). A explicitação da problemática das manifestações das religiões afro-brasileiras no espaço público, nesse estudo de caso da Festa de Iemanjá, teve também como suporte a análise de documentos contemporâneos e históricos. Buscou-se, nesse sentido, mapear uma diversidade de posicionamentos a partir do contraste entre estas diferentes fontes, de forma a situar o objeto de pesquisa – a Festa de Iemanjá – na dinâmica sociocultural mais abrangente que perpassa a presença negra na sociedade pelotense.