As (re)significações que a festa de Iemanjá expressa ao bairro do Rio Vermelho-Salvador-Bahia: cultura e religião afrobrasileiras como vetores de (tras)formação urbana.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santos Junior, Flávio Cardoso dos lattes
Orientador(a): Ivo, Any Brito Leal lattes
Banca de defesa: Castro, Janio Roque Barros de, Ivo, Any Brito Leal, Velame, Fabio Macedo, Magnavita, Pasqualino Romano, Cunha Junior, Henrique Antunes, Castro Júnior, Luis Vitor
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) 
Departamento: Faculdade de Arquitetura
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38926
Resumo: Bairro do Rio Vermelho, Salvador, Bahia. Este é o cenário onde acontece o estudo que ora se apresenta. Antes da chegada do colonizador europeu era morada da etnia Tupinambá. Após isso passou por diversos processos e foi gradativamente ganhando novas roupagens: de vila de pescadores a balneário de veraneio virou motivo de desejo da especulação imobiliária e ao mesmo passo caiu no gosto da classe artística tornado-se reduto da boêmia local. Por ter tradição pesqueira cedeu espaço a homenagens a Iemanjá, Orixá de predileção da comunidade dos pescadores que no início do século passado começaram a festejar no dia 2 de fevereiro, apesar das fricções com a Igreja Católica, o dia da Rainha das Águas. O que começou de maneira despretensiosa foi caindo nas graças da população local, ganhando potência e fama nacional, seja através das letras e musicas de Dorival Caymmi, dos romances de Jorge Amado, das pinturas de Caribé e tantos outros que poderíamos citar. Até então a festa acontecia de forma intimista e improvisada, mas chegou um ponto que os organizadores já não contavam com recursos para dar conta da demanda crescente de publico e na década de 1960 o pescador Flaviano resolve pedir apoio a Prefeitura. Começaria ali o processo de ordenamento do festejo, onde o Estado ganha o status de Agente produtor e organizador da festa. Paralelo a esses acontecimentos o governo estadual promove uma política de “valorização” da cultura local, tornando esta lucrativa, seria o início do Turismo Cultural ou Étnico ou de Raízes. Não distante disso, a partir da década de 1990 a Prefeitura Municipal de Salvador (PMS) começa a estabelecer parcerias com as grandes Cervejarias, onde as mesmas começariam a ter exclusividade na venda de suas marcas. Surgia então, juntamente com a rede hoteleira e demais indústrias, os novos protagonistas da “mercantilização” da Festa de Iemanjá. Destarte disso, a fim de entender o vasto campo (que chega a receber mais de um milhão de pessoas no dia 2 de fevereiro, segundo a PMS) a ser estudado entendi que precisaria ser feita um recorte e assim o fiz: Um de ordem temporal e outro espacial. Seriam os vetores da festa. O primeiro dado em função do tempo onde se tem dois pontos marcantes que é a Alvorada festiva logo na madrugada e a entrega do “Presente Principal” no fim da tarde onde sai um cortejo marítimo. O segundo vetor é relacionado à espacialidade, onde elejo três sítios: o “asfalto”, a “areia” e o “mar”. Cada qual com suas especificidades. Dessa maneira, o estudo procura estabelecer as relações entre: festa, ritual afro-brasileiro e a cidade de Salvador e tem como hipótese e proposição de tese, o fato do folguedo trazer para o bairro elementos de ordem urbanístico e cultural que influenciam na paisagem e dinâmica social, religiosa e afetiva do local, seja através da memória e outros dispositivos como as mudanças e transformações da arquitetura soteropolitana. Assim, proponho que a festa traz novos elementos e tessituras ao bairro, pois esse no dia do festejo ganha novas configurações e roupagens que deixam resíduos após o dia 2 de fevereiro. Assim, lanço mão do Método Etnográfico usando uma descrição que chamo de “auto-participativa”, onde me valho dos dispositivos da “Observação Participante” e “Autoetnografia”. Através do diálogo com os interlocutores procuro desvendar a cidade a partir de uma linguagem estética analisada por de mapas, fotos, filmagens e desenhos, seja dos cortejos, das pessoas, dos monumentos, das fachadas de casas e prédios e das imagens de Iemanjá. Enfim, as pinturas, estátuas, indumentárias e outros são produções artísticas feitas a partir do imaginário afim de realizarem o culto à Iemanjá que, além de colorir o bairro, compõem a imagem estética e étnica de Salvador.