Para além do concreto armado: os embates da implementação do Parque Dona Lindu

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: ARAÚJO, Fernando Aureliano de
Orientador(a): RIBEIRO, Ana Rita Sá Carneiro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Desenvolvimento Urbano
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/26602
Resumo: A presente dissertação tem como objetivo discutir o processo de implementação do Parque Dona Lindu no Recife – um projeto do arquiteto Oscar Niemeyer – a partir dos discursos de alguns representantes do poder público e da sociedade civil, no período de 2003 a 2011. Frente ao pleito da comunidade do bairro de Boa Viagem de desapropriar uma área para a construção de um parque público, a Prefeitura do Recife decide convidar o arquiteto Oscar Niemeyer para fazer o projeto do espaço público, então denominado Parque Dona Lindu. Parecia estar caracterizado um apelo do órgão municipal em atrelar a iniciativa governamental ao autor como atributo cultural sob a perspectiva patrimonial. A assinatura do parque daria status como uma grife desejada e um bem a ser consumido. A polêmica se estabelece porque o arquiteto propôs uma grande edificação de função cultural como elemento central de abrangência metropolitana que se contrapôs ao anseio de uma parcela dos moradores do bairro por um ‘parque verde’, contemplativo, aos moldes do Parque da Jaqueira, referência de espaço público recreativo para os recifenses. O processo de implementação para a construção do parque se pratica a partir de contradições e discórdias. Assim, a sociedade constrói novos modos de produção, novas formas de apropriação em um espaço social que incorpora ações oriundas de sujeitos coletivos ou individuais formados em negociações cotidianas. O debate instaurado neste estudo apoia-se na noção de produção do espaço social, defendida por Henri Lefebvre (2013), e de espaço cotidiano, tratado por Michel de Certeau (1998). O método utilizado para a pesquisa lançou mão de procedimentos da Nova História Cultural. Depoimentos prestados em entrevistas foram cruzados com a pesquisa documental, realizada principalmente em jornais locais, com o fim de captar emoções, ideias, sentimentos, desejos, rejeições e temores, que refletem aspectos dos seres humanos de uma determinada época, e identificar os grupos focais relevantes nesse processo, interpretando a história oral de cada grupo social. Dessa forma, foi possível perceber no processo de implementação desse parque uma teia de relações que envolvem diversos atores (poder público, sociedade civil, dentre outros) que se questionam a cada momento em busca do seu bem comum, que nem sempre é comum a todos e que muitas vezes surpreende, pois só com o uso se pode confirmar.