Os Espaços insulares de Belém: usos e consumos da natureza na Amazônia metropolitana e suas contradições socioespaciais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: RODRIGUES, Ágila Flaviana Alves Chaves lattes
Outros Autores: https://orcid.org/0000-0003-2566-7306
Orientador(a): TRINDADE JÚNIOR, Saint-Clair Cordeiro da lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido
Departamento: Núcleo de Altos Estudos Amazônicos
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/16315
Resumo: Tendo por base teórica a produção social do espaço, a tese aborda a relação sociedadenatureza na Amazônia metropolitana e suas contradições socioespaciais. As ilhas de Caratateua, Cotijuba, Paquetá, Combu e Grande foram escolhidas como referências empíricas de análise, por reunirem características rurais, urbanas e híbridas, com suas particularidades econômicas, ambientais, históricas; pelas políticas de Estado e de mercado a elas dirigidas; e pelos (des)encontros, lutas e resistências dos grupos sociais nelas existentes. O objetivo principal é analisar a produção social do espaço insular de Belém a partir dos usos e consumos da e na natureza expressos em políticas e ações que estimulam o lazer, o turismo e os avanços imobiliários. Sustenta-se que as relações atendem demandas metropolitanas específicas, locais e distantes, e com aspectos de reprodução capitalista e de dominação, por vezes, mais sutis. A insularidade ora se coloca como resistência a interesses e valores não locais, ora vai ao encontro dos mesmos. Das contradições e conflitos, desencadeiam-se movimentos insurgentes de pertencimento e de reconhecimento da diferença dos sujeitos, sugerindo outras possibilidades mais criativas e posturas contestáveis face aos processos hegemônicos em curso. Tendo como método de análise o materialismo histórico e dialético, adotou-se: a) pesquisa bibliográfica de abordagens teóricas sobre espaço socialmente produzido, relações sociais de produção e vida cotidiana; b) pesquisa bibliográfica históricogeográfica acerca das realidades empíricas analisadas; c) análise de dados primários e secundários coletados em fontes documentais; d) observação sistemática da paisagem em campo e em plataformas virtuais de trocas de mensagens que envolvem os ambientes e os sujeitos analisados; e) e realização de entrevistas semiestruturadas com representantes do poder público ligados à administração distrital e às políticas públicas de turismo e lazer, antigos moradores que possuem liderança política e comunitária, e novos e antigos moradores que exercem atividades comerciais. Os resultados mostram que, em virtude da metropolização de Belém, a partir de 1960, os processos urbanos e suas repercussões econômicas, sociais e ambientais avançam diferencialmente sobre os espaços insulares. Assim, as novas formas de conceber alguns deles vêm gradativamente transformando a vida dos seus moradores, que passam a ser influenciados pela presença de agentes exógenos e do Estado, e de interesses distintos quanto aos usos para fins de lazer e turismo, tornando-os propícios a novas aspirações econômicas e disputas espaciais. Há também os que se veem diretamente atingidos pela expansão urbana, neles surgindo bairros onde predominam assentamentos residenciais cujos problemas induzem a luta por permanência e acesso digno aos serviços públicos, convivente com a presença de ações do Estado e do capital imobiliário. Em outros, intercalam-se residências permanentes e de uso ocasional que se imbricam e/ou disputam posição com pousadas e segundas residências para fins turísticos. Há, por fim, aqueles em que, mesmo com aniquilamentos e invisibilizações, a vida cotidiana tradicional ribeirinha perdura nas construções, na configuração territorial e nos laços afetivos e de identidade, fortemente vinculados aos rios e à floresta. Tais diferenciações permitiram reconhecer uma tipologia insular para o município de Belém que foi confrontada com as perspectivas de planejamento e de gestão existentes e concebidas para as especificidades desses mesmos espaços.