Caracterização e origem das formações ferríferas e xistos grafitosos do Grupo Estrondo na Região de Xambioá/Araguanã-TO

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: SOUSA, Wiverson do Socorro Pantoja de lattes
Orientador(a): KOTSCHOUBEY, Basile lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/14811
Resumo: Na região de Xambioá/Araguanã, localizada na parte setentrional do Cinturão Araguaia do Neoproterozóico, formações ferríferas e xistos grafitosos pertencentes ao Grupo Estrondo estão intimamente associados a anfibolitos e metagabros de granulação fina a média, intercalados e intrusivos, respectivamente, nas rochas da citada unidade. No presente estudo, esses diferentes litotipos são caracterizados e comparados com formações e associações litológicas semelhantes. A seguir, procura-se definir a origem e o ambiente deposicional das formações ferríferas e dos xistos grafitosos, bem como a sua ligação com as rochas básicas. As formações ferríferas constituem diversas ocorrências menores, amplamente dispersas na área de estudo, e duas faixas descontínuas de até 5 km de extensão, dispostas ao longo da borda nordeste da estrutura braquianticlinal do Lontra e da borda norte da estrutura de Xambioá. Estas faixas consistem em corpos lenticulares de 200 a 1500m de comprimento e 50 a 800m de largura em afloramento. As formações ferríferas apresentam bandamento mili- a centimétrico e são essencialmente compostas de magnetita exibindo grau variável de martitização e quartzo, com pirita e pirrotita fortemente subordinadas. Muito ricas em Fe (média de Fe2O3Tot= 83,71%; máximo de 96,77%), as amostras coletadas revelaram teores de Pb, Zn, Cu e Co moderadamente elevados em relação aos das BIFs de Carajás, Maru e de tipos Superior e Algoma. A proeminente anomalia positiva de Eu (Eu* com média de 7,57 e máximo de 15,54), o padrão de ETR com ETRL>ETRP (La/Yb com média de 18,54 e máximo de 82,83) e a ΣETR com média de 229ppm e máximo de 371ppm sugerem que as formações ferríferas de Xambioá/Araguanã são derivadas de depósitos químicos de origem exalativa, em sua maioria, proximais. Os xistos grafitosos ocorrem geralmente na forma de lentes de extensão deca- a hectométrica, intercaladas nos micaxistos da Formação Xambioá. A W da estrutura do Lontra, aflora, no entanto, um espesso pacote destes xistos com extensão submeridiana quilométrica. São essencialmente compostos de muscovita, quartzo e grafita e sua composição química (Ctotal com média de 5,15% e máximo de 9,41%) mostra tratar-se de rochas semelhantes às formações carbonosas descritas na literatura. Ressaltam-se apenas teores de V e Cr algo elevados em relação aos comumente encontrados em rochas comparáveis. A fonte do carbono contido nos xistos grafitosos foi provavelmente orgânica (planctônica).Os anfibolitos e os metagabros ocorrem, geralmente, na forma de corpos alongados a lenticulares, orientados conforme a estruturação regional, encaixados em micaxistos variados e xistos grafitosos. Os anfibolitos são freqüentemente foliados, por vezes bandados ou microporfiríticos, enquanto os metagabros são normalmente isotrópicos a incipientemente foliados e, com freqüência, exibem textura porfirítica. Ambos compõem-se de hornblenda-actinolita e plagioclásio (labradorita e localmente de andesina em metabasitos mais grossos), com quartzo, granada, biotita, magnetita e hematita subordinados. Escapolita ocorre essencialmente na forma de pórfiros. Sulfetos (pirita, calcopirita, calcocita e covelita, esfalerita e pentlandita) ocorrem em traços. Esses metabasitos são tholeiíticos, subalcalinos a levemente alcalinos. O seu padrão de distribuição de ETR mostra tratar-se de rochas quimicamente semelhantes aos basaltos de tipo E-MORB. A associação de formações ferríferas, xistos grafitosos e metabasitos representaria um amplo quadro hidrotermal submarinho, desenvolvido durante a fase distensiva da bacia Araguaia. Em diversos setores da porção oriental da bacia, derrames basálticos e intrusões gabróicas cogenéticas permitiram a formação de sistemas convectivos. A água do mar, penetrando nas rochas máficas, vulcânicas e intrusivas de baixa profundidade, sofreu aquecimento, removendo dessas formações Fe, Si e diversos outros metais. Sedimentos metalíferos ricos em ferro originados da atividade exalativa foram depositados em sub-bacias restritas próximo às zonas de descarga, resultando após a diagênese em formações ferríferas localizadas. Por outro lado, o aporte de nutrientes pelos fluidos hidrotermais e condições físico-químicas adequadas nos arredores dessas zonas favoreceram o desenvolvimento local de abundante biota, consistindo, sobretudo, de plâncton. A matéria orgânica acumulada nesses setores resultou em enriquecimento de sedimentos siliciclásticos finos em material carbonoso. Durante a fase tardia da evolução da bacia Araguaia, a migração de fluidos provocada pelo metamorfismo regional causou a mobilização e remoção de parte da sílica nas formações ferríferas. O ferro, pouco móvel nestas condições, sofreu um considerável enriquecimento relativo. Nesta mesma ocasião, o material carbonoso foi transformado em grafita contida hoje nos xistos grafitosos.