Resumo: |
A obesidade é considerada um importante problema de saúde pública e contribui para o aumento de doenças crônicas. Para o tratamento de suas complicações alternativas farmacológicas ou não-farmacológicas são aplicadas, sendo que no Brasil, muitas plantas com potencial medicinal são utilizadas para este fim. A graviola (Annona muricata Linn) é a segunda planta mais citada pela população brasileira para perda de peso. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do extrato aquoso da folha da graviola (EAG) em camundongos tratados com dieta hiperlípidica. Para tanto, durante 12 semanas, 55 camundongos C57BL6 machos foram tratados com dieta padrão AIN-93M (n=11) ou dieta hiperlipídica (n=44) elaborada com banha para indução de obesidade e suas comorbidades. Após esse período, os animais receberam via gavagem o tratamento com EAG ou salina por 12 semanas. Os animais tratados com dieta padrão receberam salina (grupo SHAM SALINA), e os tratados com dieta hiperlipídica (DLH) foram subdivididos em 4 grupos (n=11): DLH SALINA - Controle, EAG 50 mg/kg, EAG 100 mg/kg, EAG 150mg/kg. Foram avaliados peso corporal, ingestão alimentar e após eutanásia, foram coletados sangue para análises bioquímicas e coxins adiposos, sendo fígado, pâncreas e tecido adiposo epididimal para análise histológica. O perfil glicêmico foi avaliado. Os resultados mostram que os animais tratados com dieta hiperlipídica apresentaram aumento significativo de peso corporal (p≤0,001) na indução de obesidade, e ao final do tratamento com EAG, o grupo EAG 50 mg/kg apresentou menor ganho de peso, em relação ao grupo SHAM SALINA (p=0,034), enquanto o grupo EAG 100 mg/kg teve perda de peso corporal significativa em comparação ao SHAM SALINA (p=0,003) e DHL SALINA (p=0,034). O EAG não foi eficaz em reduzir significativamente a concentração da glicose plasmática, no entanto, o EAG na dose de 150 mg/kg diminuiu (p≤0,05) a glicemia no tempo de 15 minutos após a administração da glicose no teste de tolerância oral à glicose, bem como reduziu a flutuação da glicemia. Em relação ao perfil colesterolêmico, não foi observado efeito significante do EAG sobre o colesterol total e HDL. No entanto, nota-se redução significativa nas concentrações de colesterol-LDL no grupo EAG 150 mg/kg (p=0,038) em relação ao grupo DHL SALINA, colesterol-VLDL nos grupos EAG 100 mg/kg (p=0,031) e 150 mg/kg (p=0,030), e triglicerídeos também nos grupos tratados com EAG 100 mg/kg (p=0,026) e 150 mg/kg (p=0,025) em comparação ao grupo SHAM. Ainda, o índice aterogênico do grupo EAG 150 mg/kg foi significativamente menor (p=0,025) que o grupo DHL SALINA. Não houve redução significativa da adiposidade visceral, no entanto, o extrato atenuou o acúmulo de gordura corporal, observado pela redução no percentual do peso dos coxins adiposos e redução significativa da área do tecido adiposo epididimal. Na histologia do fígado, o EAG não alterou significativamente o acúmulo de gordura hepática e lesões dos hepatócitos, no entanto, a balonização foi mais frequente no grupo DHL SALINA. A análise histológica do pâncreas também não evidenciou diferença entre os grupos. Conclui-se que no modelo estudado o EAG foi eficaz no combate da obesidade e suas alterações metabólicas. |
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