O uso do diminutivo no contexto da abordagem construcional da mudança

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Santos, Deborah Rheesa lattes
Orientador(a): Lacerda, Patrícia Fabiane Amaral da Cunha lattes
Banca de defesa: Dall’orto, Lauriê Ferreira Martins lattes, Oliveira, Mariangela Rios de lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/16914
Resumo: Este trabalho tem como objetivo fundamental analisar os padrões microconstrucionais representados por {[XN/ADJ/ADV]-inho/a}, em que X pode ser substituído por um nome, um adjetivo ou um advérbio, tal como quartinho, bonitinho, pouquinho etc.. A pesquisa está em conformidade com a Linguística Funcional Centrada no Uso (Furtado da Cunha et al., 2013; Traugott; Trousdale, 2013; Rosário; Oliveira, 2016; Bispo; Silva, 2016) e com a abordagem construcional da mudança, nos termos de Traugott e Trousdale (2013), uma vez que reconhece que a unidade básica da língua é a construção e assume a relevância de descrever bidirecionalmente, a partir do uso, os pareamentos forma-função (Goldberg, 2016) que caracterizam o objeto analisado. O tratamento da Gramática Tradicional dos sufixos diminutivos não é suficiente para compreender a complexidade do grau diminutivo. Sendo assim, diferentemente das gramáticas normativas, a hipótese inicial é de que as construções com o diminutivo, representado pelo sufixo -inho/a, cumprem diferentes propósitos comunicativos na língua, não sendo usadas apenas com função dimensiva, mas também como recurso linguístico para modalizar e avaliar o conteúdo proposicional. Logo, os objetivos mais específicos são: (i) identificar os padrões construcionais no corpus analisado; (ii) descrever as características formais e funcionais dos padrões microconstrucionais com o diminutivo, representado pelo sufixo -inho/a em variados contextos; e (iii) propor uma rede construcional para o diminutivo, caracterizando os diferentes níveis esquemáticos no que tange ao pareamento forma-função. Para o cumprimento dos objetivos propostos, partimos de uma metodologia pautada no método misto, nos termos de Cunha Lacerda (2016), o qual se baseia no levantamento da frequência de uso e na descrição de ocorrências dos padrões construcionais analisados. Ademais, para a análise qualitativa dos dados acerca do grau de expressividade empregado pelo falante, contamos com o recurso do software Praat no que se refere à prosódia. Entendemos que o contorno do pitch, curva entoacional da fala, colabora com a identificação e categorização dos padrões microconstrucionais. Os dados foram extraídos de um corpus oral composto por vídeos postados na plataforma YouTube, pertencentes aos gêneros vlog e podcast. Esse corpus é composto por 6 horas e 29 minutos, a partir de vídeos datados entre 2020 e 2023. Com o andamento da pesquisa, os dados analisados sinalizam que, de fato, é possível atestar empiricamente seis padrões microconstrucionais que sugerem o seu agrupamento em dois subesquemas: um com caráter dimensional e um com caráter indicativo do posicionamento do falante. Além disso, os dados indicam que as construções com função dimensiva estariam relacionadas a contextos menos intersubjetivos, apresentando baixa extensão da variação do contorno do pitch, enquanto as construções com função de posicionamento modalizador ou avaliativo ocorreriam em contextos mais intersubjetivos, sendo produzidas com alta extensão da variação do contorno do pitch. Assim, comprova-se que as microconstruções com o diminutivo caminham para um posicionamento cada vez mais pautado na intersubjetividade. Diante disso, torna-se possível estabelecer uma rede construcional que seria representada pelo esquema mais geral {[XN/ADJ/AVB]-inho/a}, o qual seria altamente produtivo na língua e sancionaria, ao longo do tempo, de maneira direcional, diferentes construções no nível microconstrucional.