Mudança construcional de na hora que: uma abordagem cognitivo-funcional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Garcia, Diego Minucelli [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/151011
Resumo: A partir de uma abordagem cognitivo-funcional, baseada principalmente em Goldberg (1995, 2006), Croft (2001), Bybee (2003, 2010), Traugott (2012) e Traugott e Trousdale (2013), investiga-se neste trabalho, em uma perspectiva sincrônica, a mudança construcional e o funcionamento da locução conjuntiva ((n)a) hora (em) que como introdutora de orações hipotáticas temporais em português. Os dados da pesquisa foram extraídos do Banco de dados Iboruna, representativo da fala da região Noroeste paulista. Para este estudo, a base teórica é o modelo da Gramática de Construções (GOLDBERG, 1995; CROFT, 2001), que reconhece que a forma básica de uma estrutura sintática é uma construção, formada por um pareamento de forma e de função, essa última entendida em termos semânticos e pragmático-discursivos (CROFT, 2001). As hipóteses que orientam as análises feitas são as de que: i) em termos semânticos e morfossintáticos, ((n)a) hora (em) que seguiria o padrão das orações temporais prototípicas, marcadas por quando; ii) no português atual, ((n)a) hora (em) que estaria em processo de mudança construcional, que se verificaria principalmente por variação, tanto formal quanto funcional, ligada à construção; e iii) as diferentes formas de ((n)a) hora (em) que (na hora em que, na hora que, a hora que, hora que) refletiriam diferentes graus de mudança construcional da locução. Os resultados demonstram que a construção de fato se encontra em processo de mudança construcional, revelado por diferentes graus de produtividade, esquematicidade e composicionalidade da forma (TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013). A partir de comparação com dados da conjunção quando, verifica-se que ((n)a) hora (em) que apresenta as mesmas propriedades constitutivas do conectivo temporal prototípico, comportamento que sustenta sua inclusão no sistema gramatical português como conectivo introdutor de espaços mentais temporais (FAUCONNIER, 1994, 2007). No entanto, a locução conjuntiva também apresenta diferenças em relação à quando, como a maior frequência de uso para introduzir eventos pontuais e eventos em textos do tipo relato de procedimento. Esses resultados indicam que ((n)a) hora (em) que exibe um grau de especialização que justifica a preferência dos falantes pela locução conjuntiva, em vez de quando. Além disso, na análise das formas alternantes da construção, os resultados indicam comportamento distinto de hora que em relação às outras formas, o que leva a considerar que essa forma, com apagamento da preposição em e do determinante a, se encontra em um estágio mais avançado do processo de mudança construcional do que as outras formas da construção. Com base nos resultados obtidos, propõe-se uma hierarquia construcional de ((n)a) hora (em) que, que tem como macroconstrução o esquema [Ncircunstancial que], forma abstrata mais genérica cuja instância intermediária, na condição de mesoconstrução, é [(prep) (art) Ntemporal (prep) que].