Militância em Ferréz- uma discussão sobre a relação do modo de narrar com a intenção de representar a realidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Valle, Ligia Gomes do lattes
Orientador(a): Silva, Anderson Pires da lattes
Banca de defesa: Ribeiro, Gilvan Procópio, Silva, Maria Andréia de Paula, Patrocínio, Paulo Roberto Tonani do
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/10481
Resumo: Ferréz é um autor que publicou obras associadas aos cotidianos de moradores de periferia. Uma de suas obras é intitulada Capão Pecado, realizando uma remissão ao bairro onde mora, Capão Redondo, em São Paulo. Dessa forma, a questão central desta tese é: como Ferréz estabelece seu jogo mimético nas suas narrativas? Assim, a presente tese busca investigar primeiramente o realismo em Ferréz partindo da denominação de “novos realistas” dada pela crítica literária. Essa denominação implica considerar as características que tornam uma obra realista e os fatores que poderiam agregar o aspecto de novidade e esse realismo. A partir de Roman Jacobson, em seu texto “Do realismo artístico”, o que se percebe é essa denominação pode ser um equívoco. A partir de uma citação de Karl Erik Schollhammer e da perspectiva de realismo literário de Jacobson, os seguintes conceitos são trabalhados: “local de enunciação”, de Homi K. Bhabha; “efeito de real”, de Roland Barthes; “engajamento”, de Jean Paul Sartre; “representação”, de Gayatri Spivak; “o retorno do autor”, de Diana Klinger e o “Choque do real”, Beatriz Jaguaribe. O segundo capítulo busca ressaltar as estratégias narrativas que sustentam o pacto mimético nas obras Capão pecado (2000), Manual prático do ódio (2003), Amanhecer esmeralda (2004), Ninguém é inocente em São Paulo (2006), Cronista de Um Tempo Ruim (2009), Deus foi almoçar (2011), O pote mágico (2012) e Os ricos também morrem (2015). Dentre essas estratégias destacam-se: o discurso do narrador como semelhante ao discurso do autor ativista, a recorrência de personagens que fizeram parte da vida de Ferréz no bairro Capão Redondo e a correlação de fatos reais com elementos apresentados na ficção. Já o terceiro capítulo analisará uma dessas estratégias em específico: o modo de narrar a violência realizada pelos personagens, pois a violência apresenta-se como um componente fortemente associado à legitimidade aderida ao discurso de Ferréz. O último capítulo da tese busca estabelecer uma relação dos capítulos anteriores com a teoria da recepção, de Wolfgang Iser, em O ato da leitura (1996) e da teoria do dialogismo, de Bakhtin, em Estética da criação verbal (2003). Esses dois autores abordam aspectos associados ao jogo de influências que sofre a tríade autor, obra, leitor, seja pelos implícitos do texto ou pela concepção dialógica dos discursos.