Eita, é surdo: alguns estereótipos e estigmas acerca do sujeito surdo corporizados pelo discurso humorístico no YouTube

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Oliveira, Silvana Tobias lattes
Orientador(a): Melo, Silvia Mara de lattes
Banca de defesa: Nozu, Washington Cesar Shoiti lattes, Bernardes, Elizete de Souza lattes, Martins, Andérbio Márcio Silva lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Letras
Departamento: Faculdade de Comunicação, Artes e Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/4556
Resumo: O presente trabalho visa analisar linguístico-discursivamente o processo de subjetivação do sujeito Surdo no campo humorístico, em específico os vídeos de humor Surdo no Subway e A única redação nota 1000 no Enem 2017 veiculados nos canais Desconfinados e Léo Lins no YouTube. Para tanto, são analisados nos dois vídeos a constituição de estereótipos que são construídos midiaticamente e socialmente, por meio da face do humor. A escolha dos dois vídeos estão respaldados na seguinte problemática de pesquisa: de que forma o discurso humorístico reproduz sobre/no corpo surdo modos de subjetivação no dispositivo midiático? Os enunciados foram obtidos por meio de transcrições, sob o auxílio da escuta interpretativa, e, para a transcrição dos enunciados discursivos, imagéticos e gestuais, utiliza-se a ferramenta de captura disponível no Windows, cujo aplicativo consiste na captura de imagens em movimento, denominados de fotogramas (AUMONT; MARIE, 2004). Nesta perspectiva, a pesquisa tem como base teórico-metodológica a Análise do Discurso de linha francesa, considerando, em específico, as categorias analíticas propostas por Michel Foucault (1979, 2008, 2009, 2014a, 2014b, 2019), como a noção de discurso, saber-poder, prática discursiva, dispositivos, corpo e subjetivação, problematizando principalmente o uso dos dispositivos de corpo, expressão facial, imagética e linguísticos na ressignificação dos discursos já ditos pela sociedade no campo midiático, em específico nos vídeos do YouTube. Utiliza-se também os operadores analíticos pensados por Courtine (2011, 2013) e da semiótica pensada por Santaella (2002) para analisar os elementos corpóreos, imagéticos e gestuais enunciados em vídeos de humor. Tratamos sobre a teoria do humor e do riso a partir de Possenti (1998, 2002, 2018) e Bergson (1983). Por fim, com base nos Estudos Culturais e Estudos Surdos, fomentamos sobre a formação de identidades, explanando conceitos como cultura e identidade surda, sujeito Surdo, como Hall (2000), Strobel (2008) e Perlin (2016), bem como a questão dos estereótipos e estigmas tratados por Goffman (2004) e menção da legislação vigente sobre a inclusão dos Surdos e Libras. Os resultados mostram que, no processo de descrição e interpretação dos enunciados linguísticos da Libras, processo de inclusão, anormalidade, imoralidade, déficit cognitivo e outros, enunciados esses que constituem a prática de estereótipos composta no discurso humorístico por meio do gestual, comportamental e institucional. Esses enunciados mostram que o papel do humor não é apenas mostrar a representação dos modos de ser Surdo, mas como esses enunciados constituem a subjetividade do sujeito Surdo, articulando a outros saberes (clínico, econômico, educacional, socioantropológico) em um princípio de exclusão do discurso ( saber e não saber interagir em outra língua nas diferentes situações) e que são naturalizados como verdades, inclusive, o modo como esse sujeito é capturado enquanto um sujeito da identidade (antropológico) a partir das marcas linguísticas e culturais que são situadas historicamente no âmbito das instituições, do corpo social e inclusivo.