Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Peralta, Anastácio
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Orientador(a): |
Gisloti, Laura Jane
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Banca de defesa: |
Mota, Juliana Grasiéli Bueno
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Guillén Carías, Maria Gabriela
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Colman, Rosa Sebastiana
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Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Grande Dourados
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Educação e Territorialidade
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Departamento: |
Faculdade Intercultural Indígena
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/5018
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Resumo: |
Esta pesquisa tem o objetivo de registrar e compreender) as tecnologias espirituais utilizadas pelos Kaiowá e Guarani, as quais defino como as negociações realizadas entre os seres humanos e não humanos em rituais e cerimônias realizadas para o plantio, colheita e consumo de determinados alimentos cultivados pelos povos Kaiowá e Guarani. Como metodologia, elaborei uma pesquisa bibliográfica focada em autoras e autores indígenas e pertencentes aos povos tradicionais, como Izaque João (2011), João Paulo Barreto (2013), Tonico Benites (2014), Eliel Benites (2014, 2020), Gileandro Barbosa Pedro (2020), Sônia Pavão (2021), Marcilene Lescano (2021), Valiente (2018) entre outros; e realizei a pesquisa de campo em cinco aldeias e retomadas do meu povo, sendo elas: Reserva Indígena Bororó, Terra Indígena Panambizinho, Terra Indígena Panambi, Terra Indígena Pirakuá e Retomada Laranjeira Ñanderu; com o propósito de pensar, sentir, admirar e etnografar os rituais de produção e preparo de alimentos entre os Kaiowá e Guarani. O texto dissertativo divide-se em três eixos fundamentais, no primeiro eixo apresento os aspectos da sustentabilidade Kaiowá e Guarani como uma forma de Ciência Indígena, que se estrutura teorica e metodologicamente, desenhando e constituindo-se em defesa da Mãe Terra. No segundo, abordo e reflito a filosofia do teko porã (bem viver), a importância das sementes e o conceito das tecnologias espirituais dos povos Kaiowá e Guarani; e finalmente, desenvolvo uma reflexão sobre a Educação Escolar Indígena Kaiowá e Guarani, onde faço uma crítica à interculturalidade padrão, estruturada de forma que a primeira e principal cultura seja sempre a dos karaí (não indígenas) e a segunda, “a outra”, a dos Povos Tradicionais. Como resultado da análise e reflexão, evidenciou-se que a política de colonização do Estado brasileiro desrespeitou e feriu gravemente os direitos ancestrais dos povos indígenas, incluindo nós, povos Kaiowá e Guarani, que tivemos nosso território tradicional roubado e destruído para a implantação de pequenas reservas. Isso fez com que as famílias fossem expulsas e abandonassem o sistema dos roçados comunitários para viver em espaços que não oferecem condições adequadas para reproduzir nosso modo tradicional de ser e de viver. Mesmo diante de tantos problemas, como a degradação da terra e o pouco espaço para existir, os rituais de conexão com a terra, de celebração da vida, dos seres e da semente se mantêm e os alimentos continuam sendo produzidos, e nesse contexto de resistência, os Ñanderu e as Ñandesy (rezadores e rezadoras), através de suas tecnologias espirituais, são fundamentais para a produção e manutenção dos rituais e roçados e, consequentemente, para a existência Kaiowá e Guarani. |