Aos ciganos, as estradas da língua: uma viagem ecolinguística

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Barretto, Mônica Cristina Soares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/15322
Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo analisar o modo como a língua transita no território cigano e se mantém viva. Para tal, foi selecionado como fenômeno a ser observado o modus dicendi, que é o modo de se expressar de uma comunidade cigana católica no Estado do Rio de Janeiro. A dimensão cultural e espiritual é analisada a partir da devoção a Santa Sara Kali, e, a fim de contextualizar o uso específico da língua romani, analisamos em perspectiva historiográfica a diáspora cigana, sendo esse um traço identitário na relação entre língua e território de comunidades em deslocamento. Elegemos o seguinte corpus theoretical de análise: (a) uma oração de Santa Sara, para compreender a língua no âmbito espiritual; (b) o Hino cigano, que é universal entre seu povo; e (c) um samba-enredo do carnaval de 2020, que é a linguagem no estado puramente popular. Consideramos valiosos esses acréscimos como forma de vivenciarmos na prática como a língua é tratada. A fundamentação teórica e metodológica ancorou-se nos conceitos da Ecolinguística, nos desdobramentos dos conceitos espirituais e na técnica de Análise do Discurso Ecológica (ADE). A metodologia utilizada possibilitou a compreensão das noções de campo do território, povo e língua, no âmbito do meio ambiente religioso e espiritual aqui estudado. Houve uma relação de interdisciplinaridade para compararmos os conceitos aplicados em outras áreas. Foi possível observar, a partir da análise do corpus, como essas inter-relações se estabelecem principalmente no meio ambiente espiritual, mediante as orações e peregrinações. Ali, a fé é estruturada em uma linguagem própria e íntima com seus interlocutores. Após vivenciarmos as festividades nas comunidades ciganas católicas do Rio de Janeiro, pudemos aprofundar nossas reflexões vivenciando sua cultura e tradição, mergulhando nos conceitos que, como arcabouço, nos deram respostas que agregaram muito a todo o processo de criação. Os dados analisados nesta pesquisa foram capturados em sites da internet, redes sociais e visitas de campo, com base na exposição e na fala dos ciganos, respeitando o silêncio em relação ao falar sobre a sua língua, uma característica que paira até os dias de hoje entre eles. Obtivemos resultados positivos com as análises e diálogos compartilhados nos territórios ciganos, frente ao que foi proposto, pois os elementos ecológicos, debatidos pela Ecolinguística, vão ao encontro da essência das comunidades ciganas, que é animista e tem nesta disciplina a oportunidade de se mostrar holisticamente. Perscrutamos a oração de Santa Sara, o hino cigano e o samba-enredo em homenagem e respeito a esse povo ao qual não se podem dispensar aplausos, por sua história de garra e perseverança, e através deles buscamos apresentar um pouco de cada fragmento mostrado ao longo da dissertação. Não obstante, a sensação ainda é de que falta muito mais a se falar, pois a bibliografia cigana é muito escassa, restando muitas lacunas a serem preenchidas