Belo Monte: um estudo crítico-discursivo e ecolinguístico de notícias veiculadas no Jornal Nacional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Lestinge, Roberto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-02072014-130929/
Resumo: Esta tese visa analisar o discurso produzido pelo Jornal Nacional (JN) da TV Globo, no período entre abril de 2010 e outubro de 2013, sobre o tema da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte de acordo com a perspectiva teórico-metodológica da Análise Crítica do Discurso (ACD) e da Ecolinguística, além de usar premissas jornalísticas, já que estas constituem as bases do corpus analisado. O discurso sobre Belo Monte aborda vários temas a partir do sentido simbólico da usina e têm grande apelo no imaginário social atualmente como a ecologia e a ocupação da Amazônia de forma predatória. Daí a necessidade de recorrer a outras fontes de consulta técnica que nos fornecessem subsídios teóricos para não ficarmos restritos ao discurso dominante. A partir da análise dessas notícias a pesquisa se posicionou para operar dentro de uma ciência com uma vasta gama de áreas implicadas no campo socioambiental (a biologia, a antropologia, a economia). Nossa intenção é mostrar como os interesses das elites se articulam em nome de valores como a democracia e a liberdade de expressão para controlar os discursos e as ideologias que são de seu interesse, cuja finalidade última é criar, estabilizar e legitimar formas de dominância e abuso do poder social. Baseados nos estudos de van Dijk (2005) assumimos que com esta investigação dissidente, os analistas do discurso tomam uma posição explícita e querem desta forma compreender, expor, e, em última análise, resistir à desigualdade social. Operamos dentro desta linha epistemológica que considera a relação entre o uso da linguagem e a construção de sentidos, já que o discurso constitui a sociedade e seus valores culturais, utilizando vários postulados teórico-metodológicos de van Dijk. Com o apoio da teoria dos atores sociais de van Leeuwen (1997) que especifica a forma de representação dos atores nas notícias, foi possível estabelecer um ponto de partida dentro da ACD que possibilitou fazer a relação entre as notícias e o uso dos recursos léxicogramaticais que evidenciassem como são formadas as estratégias linguísticas que carregam em seu bojo ideologias que não estão alinhadas ao interesse da sociedade. Pretendemos que, ao final, o resultado esteja inserido no campo da Ecolinguística, que compreende todas as ciências aqui descritas e as unifica sob uma orientação holística, cuja base constitutiva é a relação de respeito e ética entre os homens e destes com a natureza, ressaltando que esta não possui voz própria. Portanto, é de fundamental importância descrever os processos semântico-pragmáticos utilizados pelo discurso telejornalístico, que buscam legitimar a dominação do homem sobre a natureza. O debate está aberto, e há uma pressa na construção e na apropriação do discurso ambiental. Por se tratar de um discurso novo, o discurso socioambiental nos oferece o privilégio de fazer o seu estudo e análise em um momento histórico difícil de ser repetido, considerando que não surgem novas grandes linhas de debates e temas discursivos com frequência. Dadas às fortes implicações socioeconômicas e dos impactos que uma formação discursiva ambiental veiculada por um órgão jornalístico do porte do JN possa acarretar, parece-nos oportuno apresentar um trabalho cuja contribuição é a de abrir novas perspectivas no debate que é a marca do nosso tempo e que já está sendo travado no campo discursivo-ideológico da Ecolinguística, para decidir se adotamos uma postura eco ou antropocêntrica.