Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Martins, Daniel Ganzarolli |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://app.uff.br/riuff/handle/1/32376
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Resumo: |
Essa pesquisa se movimenta na possibilidade de alianças afetivas, usando conceito cunhado pelo intelectual Ailton Krenak, entre um professor de ciências juruá – palavra que designa os não indígenas na língua guarani – e as comunidades escolares das Aldeias Ara Hovy e Ka’aguy Ovy Porã, ambas da etnia Mbya Guarani e situadas no município de Maricá (RJ). No espaço das Escolas Municipais Indígenas Kyringue Arandua e Para Poty Nhe’ë Já, realizaram-se reflexões e experimentações pedagógicas no campo do ensino de ciências, tecendo conexões com o arandu (sabedoria, conhecimento) e as cosmopolíticas do povo Mbya Guarani. De que forma esses encontros com o Mbya reko – modos de ser do povo Mbya – podem provocar rupturas e novas possibilidades para o ensino de ciências realizado nas escolas indígenas e não indígenas? Como despir e confrontar o pensamento colonizador e colonizado que também nos habita enquanto professores e pesquisadores? Acompanhou-se o cotidiano vivido em sala de aula das duas escolas citadas através de uma metodologia de inspiração cartográfica, assim como vivências organizadas pelas comunidades indígenas e voltadas para um público juruá. Buscou-se tecer articulações e cruzamentos possíveis com uma constelação de conceitos da língua e da cultura mbya guarani, entendidos como “flechas” para perfurar e desestabilizar noções cristalizadas no ensino de uma ciência colonizadora e colonizada. Minhas narrativas enquanto pesquisador e professor foram articuladas num diário de campo, atravessando os seguintes eixos: 1) As cosmopolíticas dos seres mais que humanos que habitam as aldeias e suas escolas, focando especialmente nos vínculos mantidos com os animais, as plantas e a Mata Atlântica; 2) O corpo e seus movimentos, diferenças e processos; a profunda conexão do corpo com a yvy rupa, “o leito terrestre”; 3) A decolonização da linguagem; a incompreensão, o estranhamento e o intraduzível da língua guarani na perspectiva de um juruá; 4) O caminhar em direção ao teko porã, que pode ser traduzido de forma simplificada como “Bem Viver”, mesmo em territórios fragilizados, e a importância da espiritualidade na resistência histórica do povo Mbya para manter seus modos de ser; 5) O papel dos professores, sejam juruás ou não, diante das lutas travadas pelos povos indígenas. A partir dessas reflexões, apresento a centralidade de territórios indígenas demarcados para o Bem Viver dessas comunidades e das suas escolas, e como a proposição cosmopolítica e as alianças afetivas podem ser potentes na construção de novos significados para o ensino de ciências em escolas indígenas e não indígenas. |