Amebíase sistêmica e toxoplasmose associadas à cinomose em cães no Semiárido da Paraíba.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: FRADE, Maria Talita Soares.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Saúde e Tecnologia Rural - CSTR
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E SAÚDE ANIMAL
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/25465
Resumo: A cinomose canina é uma doença frequentemente diagnosticada na rotina da Clínica de Pequenos Animais e no Laboratório de Patologia Animal da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos, Paraíba. Com a imunossupressão resultante da infecção pelo vírus da cinomose canina, co-infecções com agentes oportunistas podem ser observadas. Objetivou-se com este trabalho descrever as infecções oportunistas por protozoários e suas complicações sistêmicas em cães infectados com o vírus da cinomose, sendo três casos de infecção por Acanthamoeba sp. e cinco casos de Toxoplasma gondii. Para isso, essa Dissertação foi formatada em dois capítulos, constituída de dois artigos originais. O primeiro submetido à Veterinary Parasitology descreve três casos de infecção sistêmica por Acanthamoeba sp. em cães com cinomose, caracterizando os aspectos epidemiológicos, clínicos e patológicos da doença diagnosticada na região semiárida da Paraíba, Nordeste do Brasil. Neste relato, os cães afetados desenvolveram sinais respiratórios e neurológicos progressivos que evoluíram para morte em 2 a 20 dias. Na necropsia havia áreas nodulares, irregulares e amarelo-avermelhadas distribuídas aleatoriamente nos pulmões, coração, rins, baço, linfonodos, adrenais e intestino. Um cão apresentava malacia no córtex parietal e outro em núcleos da base. Histologicamente, foram observados piogranulomas com áreas de necrose e hemorragia em todos os órgãos afetados, associados a miríades de amebas intralesionais. O diagnóstico foi realizado através dos achados microscópicos de infecção por amebas de vida livre e confirmado Acanthamoeba sp. pela imuno-histoquímica (IHQ). O segundo artigo, submetido à Pesquisa Veterinária Brasileira, relata a ocorrência de cinco casos de toxoplasmose associado à cinomose em cães no semiárido da Paraíba, sendo quatro com envolvimento do encéfalo e um com envolvimento do pulmão, descrevendo as características clínicas, patológicas e imuno-histoquímica. Para tal, foram revisadas todas as fichas de necropsias de cães diagnosticados com cinomose no Laboratório de Patologia Animal da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos, Paraíba, no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2012. A IHQ foi realizada nos casos que apresentavam estruturas císticas intralesionais características de protozoários, compatíveis com Toxoplasma gondii com anticorpo anti-Toxoplasma gondii. As alterações clínicas observadas nesses casos foram semelhantes e consistiam de sinais digestivos, respiratórios, neurológicos e lesões oculares, sugestivos de infecção pelo vírus da cinomose canina. Histologicamente havia no encéfalo áreas multifocais de malacia associadas a estruturas arredondadas basofílicas características de cistos de Toxoplasma gondii. Circundando essas áreas havia infiltrado inflamatório mononuclear, constituído predominantemente por linfócitos, plasmócitos, macrófagos e raros neutrófilos. No pulmão havia espessamento dos septos alveolares por infiltrado inflamatório mononuclear, constituído de macrófagos, plasmócitos e linfócitos, com proliferação moderada de pneumócitos tipo II. Havia ainda áreas multifocais a coalescentes de necrose com macrófagos associadas a T. gondii. Os achados histológicos compatíveis com cinomose caracterizavam-se principalmente por encefalite não supurativa, desmielinização e manguitos perivasculares discretos, associada a corpúsculos de inclusões eosinofílicos intranucleares e/ou intracitoplasmáticos em astrócitos, neurônios e em células ependimárias. Havia também corpúsculos de inclusões em órgãos extraneurais. O diagnóstico de toxoplasmose associado à infecção pelo vírus da cinomose nos cinco casos estudados foi baseado nos achados microscópicos, sendo confirmados através da imuno-histoquímica. Têm-se observado nos casos de cinomose com ocorrência simultânea de outros agentes que a evolução para morte do animal ocorre de forma mais rápida e severa. Quando da ocorrência de infecções sistêmicas por agentes infecciosos e principalmente quando há o envolvimento do sistema nervoso por agentes oportunistas, uma causa primária, como a cinomose, deve ser investigada.