Sensibilização de profissionais de saúde para o cuidado de pessoas transexuais: uma proposta de intervenção

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Nascimento, Laize de Carvalho
Orientador(a): Iriart, Jorge Alberto Bernstein
Banca de defesa: Santos, Ailton da Silva, Teixeira, Carmen Fontes de Souza
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/32232
Resumo: A realidade das pessoas trans, suas necessidades de saúde e singularidades ainda são pouco conhecidas pela sociedade mais ampla e pelos profissionais de saúde. Este trabalho teve como objetivo geral elaborar e realizar uma intervenção educativa para a sensibilização desses profissionais sobre o cuidado da população transexual. O campo do estudo foi um serviço médico de uma universidade pública, e seus sujeitos foram os componentes da equipe de enfermagem. Tratou-se de trabalho qualitativo e trouxe uma dupla proposta: produção do conhecimento e transformação da realidade investigada. Para tanto foi realizada uma Oficina organizada em três encontros. Utilizou-se questionário de sondagem inicial, observação registrada em diário de campo, falas dos participantes gravadas durante as oficinas, bem como questionário de avaliação da oficina. Participaram das oficinas oito profissionais da equipe de enfermagem, cinco enfermeiros e três auxiliares ou técnicos de enfermagem, com idade entre 35 e 65 anos e de 10 até 40 anos de atuação na enfermagem. Apesar deste tempo de atuação profissional substancial apenas um dos participantes declarou ter passado por formação sobre transexualidade. Notouse que os participantes não fizeram distinção entre o que são gênero e o que é sexo. Alguns profissionais demonstraram que tiveram contato com conceitos relacionados à transexualidade, porém, não tinham domínio dos mesmos, com dificuldade inclusive de diferenciação entre a orientação sexual e a identidade de gênero. Captou-se uma preocupação dos profissionais em estabelecer uma relação de causa e efeito para a transexualidade percorrendo três concepções para tanto: biologicista, espiritualista e comportamental. Ocorreu manifestação do sentimento de empatia direcionado à pessoa trans bem como a seus familiares pelos profissionais participantes e de reflexões sobre o preconceito/discriminação que envolve a transexualidade e suas consequências. Ao refletirem sobre os problemas de saúde ligados a transexualidade os participantes fizeram um arrolamento coerente com a literatura e citaram distúrbios psicológicos, suicídio, violência, uso indiscriminado de hormônio e de silicone industrial. Quanto ao processo transexualizador os profissionais trouxeram como conclusões: a importância da equipe multiprofissional e a prioridade de ações de saúde para pessoas transexuais que ultrapassam as mudanças físicas. Os participantes trouxeram uma avaliação extremamente positiva da intervenção educativa, declararam que se consideravam mais seguros e a vontade para o cuidado da pessoa transexual e demonstraram um conhecimento do conceito de transexualidade mais aproximado com o que é encontrado na literatura atual. Saliento que nenhum participante saiu especialista no assunto, mas sim com uma maior amplitude de saberes, incluindo a inquietude da dúvida que pode fomentar o desejo de maior aprofundamento na temática.