Atendimento em saúde: Perspectivas de profissionais da saúde e de usuários transexuais de um hospital universitário

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: COHEN, Carla Ribeiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Brasil
UFTM
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://bdtd.uftm.edu.br/handle/123456789/1339
Resumo: O dispositivo da cissexualidade impõe práticas regulatórias visando a coerência entre sexo (biologia), identidade de gênero e orientação heterossexual. Assim, transexualidade (não adequação entre sexo atribuído ao nascimento e identidade de gênero) emerge como reação ao binarismo cissexual de sexo/gênero (macho/fêmea; homens/mulheres) e, por isso, é posta as margens da sociedade, sendo alvo de intervenções que pretendem normatizá-la. Uma das principais lutas dos ativismos transexuais é o respeito à autoatribuição (de identidade) de gênero e ao reconhecimento do nome social. Essa dissertação está composta de dois estudos exploratórios e qualitativos de corte transversal. O Estudo 1 teve como objetivo compreender como os profissionais de uma equipe multiprofissional de saúde significam a prestação de serviços à transexuais. O Estudo 2 teve como objetivo compreender as expectativas e anseios dos transexuais atendidos por essa equipe de profissionais da saúde. Em ambos os estudos foram empregadas entrevistas semiestruturadas audiogravadas e transcritas na íntegra e literalmente, cujos dados foram organizados a partir de uma Análise de Conteúdo Temática com auxílio do software WebQDA para a etapa de codificação dos dados. A interpretação dos dados foi realizada com base nos pressupostos teóricos da (Teoria da) Performatividade de Judith Butler. No Estudo 1 foram entrevistados seis profissionais da equipe multiprofissional de um hospital, e no segundo estudo participaram nove usuários deste mesmo serviço. Os principais resultados do Estudo 1 apontaram: a dificuldade de compreensão da transexualidade como experiência identitária não patologizada; que a atual estrutura da equipe é considerada satisfatória, porém sendo o fluxo de atendimentos considerado insuficiente; e há poucas oportunidades de discussão entre os membros da equipe. Os principais resultados do Estudo 2 apontaram: a compreensão da transexualidade como experiência identitária discordante com o corpo biológico; a busca por modificações corporais: as insuficiências e ausências de informações para acesso e permanência nos serviços de saúde; problemas na organização nos serviços, tais como discriminações dos profissionais de saúde que acarretam impactos no acesso, adesão e permanência nos tratamentos. Há de se destacar que os participantes de ambos os estudos fizeram referências à estruturação insuficiente na organização hospitalar voltada ao atendimento dos transexuais, acarretando impactos de diversas naturezas. Por fim, os resultados dos estudos podem contribuir para reflexões sobre práticas que não reproduzam estereótipos de gênero.