“Elas que se bancam”: uma contextualização radical da mulher negra no pagodão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Barbosa, Amanda Gomes da Silva lattes
Orientador(a): Gomes, Itania Maria Mota lattes
Banca de defesa: Gomes, Itania Maria Mota lattes, Silva, Fernanda Mauricio da lattes, Queiroz, Rafael Pinto Ferreira de lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas ( POSCOM) 
Departamento: Faculdade de Comunicação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40793
Resumo: Essa dissertação propõe uma contextualização radical da mulher negra no pagodão a partir da própria experiência da autora, localizada em Salvador, por uma perspectiva que articula os estudos culturais e os feminismos negros. A hipótese inicial é que diversas temporalidades e engajamentos identitários e afetivos (GOMES; ANTUNES, 2019) são articulados com/nos/a partir de corpos racializados e generificados no Brasil, e o pagodão aparece como lugar de disputa, conformação e atravessamento desses engajamentos. Tomamos contextualização radical (GROSBERG, 2010) como aporte teórico-metodológico que busca, a partir da articulação, desarticulação e rearticulação de contextos, as possibilidades de transformação social. Assumimos engajamentos afetivos como “organizados nas e por meio das práticas discursivas e culturais, mobilizando engajamentos políticos” (FARIAS, 2021). Investigando o pagodão e suas articulações com engajamentos identitários (de raça, gênero e sexualidade) a partir dos feminismos negros (COLLINS, 2019; hooks, 2019; NASCIMENTO, 2021; LORDE, 2020; DAVIS, 2016; GONZALEZ, 2020), veremos como ele é mobilizado pelo confronto com expectativas de respeitabilidade e moralidade ocidentais, brancas e coloniais, e, ao mesmo tempo, pode reiterar comportamentos cisheteronormativos e de hipersexualização de mulheres negras. A trajetória e as produções do grupo A Dama e sua vocalista Alanna Sarah são nossas entradas analíticas. Propomos uma análise a partir da figura da mucama, trazida por Lélia Gonzalez (2020), que se espirala em duas outras noções: a de doméstica e a de mulata, que, na contemporaneidade, em reconfigurações a partir de figuras como a piriguete e a empreendedora, deixam ver disputas afetivas em torno de ideias como sucesso, empoderamento, visibilidade e liberdade sexual. Assim, para contextualizar radicalmente a mulher negra no pagodão, a partir da própria experiência da pesquisadora em Salvador e analisando elementos de diversas temporalidades que o pagodão articula – como proposto por Raymond Williams (1979) – e os afetos que engajam e que são mobilizados por A Dama e por outras artistas femininas que são convocadas no exercício da articulação, relacionamos uma ampla diversidade de materiais: músicas e letras; dados demográficos; videoclipes; entrevistas; comentários, posts, memes, vídeos e outras publicações online feitas por ouvintes; registros de shows ao vivo; arquivos de portais dedicados ao gênero; dentre outros. Deste modo, investigamos as relações entre feminismos negros, disputas identitárias, história, economia, política e cultura na contemporaneidade, articuladas em torno do pagodão da Bahia, para pensar as possibilidades de ser mulher negra em Salvador e como compreendê-las e rearticulá-las enquanto melhores possibilidades de vida – plena e livre.