Ocupações de escolas como acontecimento: uma democracia por vir
Ano de defesa: | 2024 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Educação Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Educação |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/22107 |
Resumo: | Neste trabalho, discorremos, a partir da Teoria do Discurso de Ernesto Laclau e da Desconstrução de Jacques Derrida, sobre as ocupações de escolas no ano de 2016. Em um primeiro momento, discutimos o entendimento das ocupações como acontecimento ou pro-grama. Nesse movimento de tentar trazer as ocupações para o nosso texto, para o nosso contar, deparamo-nos com a im-possibilidade de dizer o acontecimento ocupação tal qual ele se deu. Entretanto, em um movimento paradoxal, entendemos a necessidade de contar esse aconteci-mento, mantendo-o vivo. Ao pensarmos a escola, temos que ela é significada como um lugar de negociações constantes. E, a partir do quase-conceito derridiano différance, trazemos o CI-EP 225 Mário Quintana, escola da Zona Oeste do Rio de Janeiro que foi ocupada por alunos por um período de 53 dias. Ao pensar a educação escolar, refletimos sobre os espectros que obsediam essa educação. Pensamos, então, no espectro da colonialidade, como uma repetição de uma cosmovisão salvacionista e um discurso de verdade próprios da Modernidade. Em um contraponto ao espectro da colonialidade, trazemos o espectro do quilombo, enquanto uma confrontação das hegemonias que constituem a educação, em um movimento de desconstru-ção da colonialidade. Um movimento que, além de tensionar aparentes consensos, é ao mesmo tempo violento e festivo. É na luta política das ocupações que as subjetividades das ocupantes e dos ocupantes se constituem. Sendo assim, em um entendimento de que as subjetividades não são fixas, estão sempre em um movimento de vir a ser que nunca se fecha, entendemos essas subjetividades como subjetividades da falta. É por essa perspectiva que trazemos as alu-nas e os alunos do CIEP 225 e, mais especificamente, as alunas e os alunos da ocupação. Ao trazer as ocupantes e os ocupantes, trazemos também, para pensar as relações que se efetiva-ram no dia a dia das ocupações, a noção de hospitalidade que nos possibilitou refletir sobre a abertura que é, em algum sentido, fechamento - acolhimento, agenciamento, articulação; e, em outro sentido, fechamento em relação ao outro que chega e com quem não se permite interagir e adentrar o espaço da escola. Em uma reflexão sobre o momento do pós-ocupação, nosso tex-to discorre sobre os moldes e os objetivos ao se propor reestruturar, de forma aligeirada, os grêmios estudantis, a partir de uma perspectiva de protagonismo juvenil, no sentido de empre-endedorismo de si. Depois desse caminho trilhado, queremos afirmar que, em muitos sentidos, os rumos que a educação tomou no Brasil se constitui, com a BNCC e a Reforma do Ensino Médio, como uma oposição às demandas das ocupações. Propomo-nos, por fim, a pensar os espectros da ocupação no CIEP 225, a partir da noção de democracia por vir, em um enten-dimento de democracia enquanto aquilo que estará sempre na categoria de algo a ser buscado, que nunca se presentificará em sua plenitude. Mas que nos impõe uma responsabilidade, um investimento radical. |