Novo feminismo: acontecimento e insurreição de saberes nas mídias digitais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Gonzaga, Juliane de Araujo [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/154483
Resumo: Na história do presente, o retorno do feminismo apresenta indícios de uma suposta novidade, sendo inclusive enunciado como “novo feminismo”. Na relação dos sujeitos com a atualidade, vemos entrecruzar-se acontecimentos heterogêneos, que criam condições de possibilidade para a produção de verdades para esta época, tais como: a sociedade está tendo um “despertar feminista”; o feminismo tem novos sujeitos e o feminismo de hoje é novo. Nesse sentido, esta tese se volta para os discursos sobre feminismo produzidos nas e pelas mídias digitais para problematizar como se produzem os sentidos de novidade e “desmontar” verdades que circulam como naturais e evidentes. Assim, problematizamos o acontecimento da volta do feminismo: por que o feminismo hoje é enunciado como novo? Em que consiste sua novidade? Para compreender a emergência deste objeto e a proveniência das “novas” subjetividades feministas, atentamos para as seguintes questões: i) Quais transformações históricas possibilitam mudanças no modo de colocar o feminismo em discurso hoje? ii) Quais relações de força no presente configuram lutas entre os sujeitos pela condição de verdade do feminismo? iii) Como os sujeitos se relacionam com a atualidade e os saberes que proliferam nas mídias digitais para a constituição de si e para estratégias de resistência? Situados em uma Análise do Discurso que pensa com Michel Foucault, assumimos uma abordagem arquegenealógica, que interroga sobre as condições históricas de formação e mutação das práticas discursivas e os jogos de saber-poder que definem aquilo que dizemos, fazemos e somos hoje. No cerne da ontologia histórica, investigamos os usos dos saberes feministas na atualidade para compreender como possibilitam inversões e deslocamentos de relações de poder. Nesse gesto, a tese identifica um movimento de insurreição de saberes dominados. De saberes sujeitados a alguém ou a uma identidade, os saberes feministas hoje são utilizados de modo a instaurar sujeições e definir regras de dizibilidade e condutas na sexualidade, na moral, nas mídias, na política, na economia. O corpus de pesquisa se constitui de enunciados verbais e visuais de mídias alternativas tais como: Escreva Lola Escreva; Blogueiras Feministas; Feminismo na Rede; Feminismo Sem Demagogia; Diários de uma feminista; Lugar de mulher; Ventre feminista, entre outras. Dada a dispersão desses discursos nas mídias digitais, analisamos também enunciados de mídias corporativas como: Revista Isto é; Revista Época; Revista TPM; Revista M de Mulher; Revista Elle. Por fim, a tese que sustentamos é a de que o surgimento de um “novo feminismo” produz efeitos de sentido singulares e, portanto, se dá na instância do acontecimento discursivo. Entretanto, a afirmação da “novidade” não significa que o feminismo hoje seja “original” nem “neutro”. E sim, que ela é indício da força da remanência de discursos anteriores sobre o feminismo e do feminismo e, sobretudo, de mutações nas regras do que se pode e se deve dizer sobre feminismo hoje.