Cuidar da saúde com a força vital da natureza: tratamentos terapêuticos no candomblé

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Calvo, Daniela
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Ciências Sociais
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19185
Resumo: O objetivo desta tese é explorar como, no candomblé, a força vital dos seres da natureza é empregada para preservar e restabelecer a saúde. A saúde é concebida como imbricação dos aspectos físicos, psicológicos, sociais e espirituais e inclui o projeto de felicidade individual. A pesquisa de campo que deu origem a esta reflexão foi realizada no Àṣe Idasilẹ Ọdẹ de Bàbá Marcelo dos Santos Monteiro Oloye Ọdẹarofa Ọmọ-awo Ifa-Funké, onde está presente o sistema de Ifá, levando a modificações nos rituais, na visão de mundo e na filosofia de vida. Nas práticas terapêuticas, essas mudanças se manifestam (marcando um certo distanciamento do candomblé baiano), principalmente, na centralidade do cuidado ao orí (a cabeça, em que aspectos materiais, espirituais, sociais e cosmológicos estão estritamente ligados) e na primazia do uso dos elementos da natureza a respeito de pedidos de ajuda aos òrìṣà. O emprego de vegetais, animais e minerais leva em conta suas propriedades terapêuticas, qualidades e características, está vinculado a aspectos simbólicos, míticos e rituais e acompanhado por rezas e “encantações”. As práticas rituais voltadas à manutenção da saúde são, usualmente, uma combinação de “remédio” e “oferenda”: visa-se transmitir, “fazer participar” o ser humano de modulações específicas de àṣẹ e estabelecer fluxos e movimentos de àṣẹ no cosmo em prol da saúde. Uma específica cosmovisão e uma antropologia, baseadas em forças e fluxos, estão na base dos tratamentos terapêuticos, que começam com a consulta oracular em que se orientam os procedimentos sucessivos e incluem aconselhamentos sobre a conduta e as interdições. Os cuidados com a saúde, que interessam o cotidiano e encontram momentos de grande intensidade nos rituais, apresentam grande complexidade e abrangem aspectos simbólicos, estéticos, performáticos, sociais, políticos, espirituais; envolvem reflexividade, sensibilidades, emoções, uma experiência corporificada e contribuem para criar e preservar uma filosofia de vida e uma forma de estar no mundo peculiar.