Sistema filosófico de Ifá

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Araújo, Leonor Franco de lattes
Orientador(a): Oliveira, Eduardo David de
Banca de defesa: Dionisio, Dejair lattes, Rufino, Luiz lattes, Santos, José Henrique de Freitas lattes, Galeffi, Dante Augusto lattes, Oliveira, Eduardo David
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Doutorado Multiinstitucional de Pós-graduação em Ciência da Computação (DMCC) 
Departamento: EDUFBA
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38299
Resumo: Esta tese tem como proposito pensar Ifá como um sistema filosófico, como aquele que mantém, preserva e cria um conjunto de saberes e práticas do povo yorubá, que concorre para a manutenção do equilíbrio, fundamental para o bem viver dos povos de matrizes africanas. Ifá é um sistema filosófico strito sensu, ou seja, enseja um conjunto de axiomas, conceitos e metodologias rigorosos, competentes para dialogar com a tradição filosófica mundial, apresentando uma face pública, semiótica, multirreferencial, complexa e polilógica, e, ao mesmo tempo, é um sistema específico, nascido da cultura yorubá, capaz de tratar dos grandes temas filosóficos como: a vida, a morte, a origem, o destino, o poder, a justiça, o mal, a felicidade, a existência (Iwá), a partir de uma mesma estrutura narrativa - o corpus sagrado de Ifá, preservado na tradição oral dos yorubanos, e hoje escrito em diferentes documentos produzidos por estudiosos da área. É um sistema filosófico tomado como um corpo de sabedoria ancestral, paradigma cognitivo anterior a antiguidade clássica greco-romana, que reúne e organiza os conhecimentos tradicionais iorubás, ressignificada e reificada na Diáspora Africana, onde promove uma visão de existência que rompe com a “universalidade cientifica” da civilização ocidental e urde novas maneiras diversas de combatermos o Racismo e o genocídio epistêmico, memorial, simbólico e físico do povo negro fora da África e, principalmente, nas Américas. As leituras, consultas, diálogos, análises e interpretações do seu Corpus Literário devem concorrer para a nossa melhor capacitação frente aos desafios cotidianos do Racismo. A filosofia de Ifá é produção de sentido para nossas vidas, é o restaurar cotidiano de nosso equilíbrio e preservação, de nossa força/energia vital, de nosso Axé pela (re)infusão/(re)construção/(re)expansão do Iwá Pelé no seio de nossas comunidades. Filosofia para nós é pensar e sentir o viver, aquele que está entrelaçado com nossa ancestralidade, aquele que é todo o tempo o tempo todo; o viver que confia no conhecimento de Orunmilá e jamais desonra as orientações de Ifá. É uma filosofia que está intrinsecamente urdida pela cosmogonia yorubá, pelos nossos saberes ancestrais afroameríndios, por nossas reflexões cotidianas do terreiro onde o que parece simples é de uma sofisticação ímpar na experiência vivida do aprendizado milenar. Diversas metodologias e métodos plurais foram utilizados no diálogo teórico multirreferencial, polissêmico, e polilógico, com a referência básica e fundante da Filosofia Africana, incluindo uma vasta intelectualidade que realiza suas pesquisas a partir de estudos africanos a qual se propõe novas formas de articular o conhecimento e produzir mudanças positivas e afirmativas na vida cotidiana.