Sentidos e significados da obesidade mórbida no processo de cuidar: um estudo no Centro de Referência em Obesidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Passos, Michelle Delboni dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Nutrição
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/7227
Resumo: A obesidade é reconhecida como uma doença multifatorial e está inserida entre as doenças crônicas relacionadas à alimentação. Acredita-se que uma dieta rica em gordura e açúcar, pobre em carboidratos complexos e fibras, e uma redução nos níveis de atividade física, tenham causado essas modificações nos padrões nutricionais. No entanto, não pode ser tratada como tendo um aspecto único e universal como causa; muitos são os fatores que levam ao excesso de peso. Acesso ao alimento, disponibilidade física, custo, infraestrutura e pressão social estão entre os fatores sociais e ambientais que interferem no comportamento alimentar. Além dos aspectos biológicos, genéticos, etnia, sexo e idade que também influenciam a susceptibilidade dos indivíduos à obesidade. Estratégias não nos faltam para que nosso corpo se torne aparentemente adequado, segundo os olhares da sociedade. Cirurgias plásticas, inúmeras dietas restritivas, atividades físicas, uso de acessórios e de cosméticos entre outras são algumas delas. Uma contradição se instala na relação do corpo com o alimento em nossa sociedade. Ao mesmo tempo em que a oferta de uma grande variedade de alimentos nos convida ao consumo exagerado de alimentos industrializados e ricos em gorduras e sal, a sociedade impõe regras rígidas para que estejamos sempre com o peso adequado . E em meio a isso, estão os sujeitos com obesidade mórbida que, devido à rejeição social e às limitações físicas, se isolam, tornam-se menos ativos, ganham mais peso, sentem-se mais tristes e desmotivados e acabam por ficarem enclausurados em seus domicílios. É com a perspectiva de compreender a experiência da obesidade mórbida segundo as perspectivas dos pacientes obesos mórbidos e dos profissionais de saúde que realizamos este estudo. O estudo foi desenvolvido com os usuários de um centro municipal de tratamento em obesidade e com os profissionais de saúde que ali trabalhavam. Utilizamos observação participante e entrevistas individuais semiabertas como ferramentas para atingir o objetivo proposto. A análise foi do tipo compreensiva. Pensamos a obesidade como uma rede de sinais, significados e experiências que moldam a imagem corporal e a satisfação ou não da pessoa com o seu corpo dentro de uma sociedade. Mesmo que reconheçamos a diversidade de tipos estéticos, nos parece que há certa pressão voltada para os riscos da obesidade mórbida, além do apelo estético e do discurso médico da saúde, que acabam por limitar ainda mais o sujeito. Mais do que sentirem-se obrigados a se adequar ao modelo de corpo magro os obesos mórbidos demonstraram sofrer com a rejeição social e estigma com o corpo gordo. Algumas das entrevistadas mostraram que mesmo com as limitações físicas conseguiram se adequar e criar novas formas para melhorar a sua qualidade de vida. Para os profissionais de saúde, mais do que a perda de peso, pequenas conquistas que melhorariam a qualidade de vida desse sujeito obeso eram valorizadas. Preocupar-se com a saúde e com o corpo, sem dúvida é válido. Mas se prender a padrões estéticos e buscar alcançá-los de qualquer maneira pode ser prejudicial