Saberes ancestrais sobre o uso ritualístico e medicinal de flores no Candomblé da Nação Angola e na Umbanda

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Azevedo, Thais Salatiel de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Formação de Professores
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências, Ambiente e Sociedade
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19723
Resumo: Estima-se que a diáspora africana forçada tenha trazido em torno de 4,9 milhões escravizados de diferentes etnias para o Brasil. Dentre essas, grande parte são provenientes do povo Banto. Quando se faz alusão ao Candomblé da Nação Angola, aquele de origem na cultura Banto, automaticamente se faz referência ao culto aos Minkisi. Neste Candomblé, o sincretismo religioso se fez presente de modo diferente dos demais povos diaspóricos. Além do culto aos Minkisi, a Nação Angola cultua também os seus antepassados e os Caboclos, os donos da terra. A partir dessa condição, o Candomblé de Angola foi o primeiro a se sincretizar, abrindo as portas para as divindades que posteriormente iriam se manifestar na Umbanda. Descendentes de diversos povos africanos propagaram suas crenças e tradições religiosas reforçando o rico conhecimento sobre as plantas herdado de seus ancestrais. As flores também fazem parte desse universo, onde inúmeras espécies foram testadas por curandeiros e feiticeiros, de acordo com suas propriedades medicinais e ritualísticas. Dessa forma, o objetivo deste estudo é investigar o saber popular sobre uso medicinal e ritualístico das flores na Umbanda e no Candomblé da Nação Angola, com vistas a entender a correlação histórica que une essas duas religiões e catalogar as espécies de flores que são utilizadas nos terreiros. Foi adotada como estratégia a pesquisa-ação, na qual foram entrevistados os dirigentes do terreiro de Candomblé Tumba Junsara Petit e da Casa de Caridade Caboclas Jurema e Jupira. Nas religiões de matriz africana é dado maior destaque para as folhas no culto e na medicina religiosa. As flores também são usadas, mas suas funções são pouco exploradas. O uso medicinal das flores é mais restrito que o ritualístico. É preciso considerar também que para as afro-religiões o caráter medicinal não se aplica apenas ao plano físico, mas também ao espiritual. Assim, as flores assumem um aspecto simbólico nesse processo de cura, condensando as energias emanadas pelas divindades, principalmente Kavungo, aquele que protege a humanidade contra os males e cura suas feridas. As flores funcionam harmonizando o ambiente com suas cores e perfumes, concentrando as forças das divindades e promovendo simbolicamente sua conexão com os iniciados nas religiões em foco. Apesar da Umbanda estar relacionada em sua gênese com o Candomblé da Nação Angola, esta ampliou mais o uso ritualístico das flores. Incorporou ao culto, tanto espécies nativas, quanto exóticas que são comercializadas como ornamentais e fáceis de serem adquiridas.