Mulheres que curam: os saberes ritualísticos sobre uso de ervas das rezadeiras e benzedeiras de Miguel Pereira, RJ

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santos, Ana Carolina Clemente dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Formação de Professores
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências, Ambiente e Sociedade
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/23081
Resumo: A prática da reza e do benzimento está disseminada em diferentes culturas. No Brasil os conhecimentos herdados pela linha familiar feminina se mesclam num sincretismo entre as religiões de matriz africana, o catolicismo e a práticas indígenas. Assim, mulheres com diferentes origens, que reconhecem em si mesmas o dom de curar através das rezas e das plantas sagradas, exercem sua fé e caridade para com o próximo. Esse estudo foi realizado em Miguel Pereira, município localizado no estado do Rio de Janeiro, Brasil. Inserido na região do Vale do Paraíba do Sul, também conhecido como Vale do Café. Essa cidade teve seu auge econômico no período entre 1850-1860 com a produção cafeeira baseada em mão de obra escrava. O objetivo deste trabalho é inventariar o uso das plantas ritualísticas nas práticas ritualísticas das benzedeiras e rezadeiras de Miguel Pereira. A pesquisa foi realizada com mulheres que fazem uso de rezas e benzeduras com plantas no âmbito das religiões de matrizes africanas, com especial foco na Umbanda. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas individuais com quatro participantes. O material testemunho das plantas foi coletado de acordo com as técnicas usuais em botânica e registrado no herbário RFFP. Foram indicadas pelas entrevistadas 22 espécies de plantas usadas em seu cotidiano para a cura física e espiritual das pessoas que as consultam para esse fim. Normalmente as espécies escolhidas apresentam óleos essenciais que produzem cheiros específicos. Aquelas com forte odor são mais usadas para afastar as energias densas e pesadas para promover a limpeza espiritual. As de cheiro mais suaves tranquilizam em trazem a paz. São empregadas principalmente na forma de banhos e na defumação. Destacam-se a arruda (Ruta graveolens L.), o tabaco ou rapé (Nicotiana tabacum L.), o alecrim (Rosmarinus officianalis L.), a rosa-branca-de-miúda (Rosa chinensis Jacq.), o manjericão (Ocimum basilicum L.), a guiné (Petiveria alliacea L.), o café (Coffea arabica L.) e o elevante (Mentha spicata L.). No contexto das rezadeiras e benzedeiras de Miguel Pereira, essas ervas são consideradas espécies-chave bioculturais por serem indispensáveis para prática do benzimento. São cultivadas em quintais ritualísticos sagrados ou no terreiro de Umbanda. As rezadeiras e benzedeiras de Miguel Pereira consideram que têm um dom e ressaltam a importância de exercê-lo para a prática da caridade e ajuda ao próximo.