Periferias cariocas e sua geografia linguística: aspectos da referenciação na diversidade da língua escrita entre o ideal e o real
Ano de defesa: | 2018 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/5945 |
Resumo: | O objetivo da tese foi estudar os recursos anafóricos em textos de moradores de diferentes periferias cariocas e observar se as retomadas geram a coesão prevista pelos objetivos elencados nas matrizes curriculares para estudantes do nono ano. As análises do objeto de discurso drogas , resultantes da proposta de produção textual sobre o tema drogas na adolescência , pautaram-se em três perguntas: Há algum padrão na escolha das estratégias coesivas dos alunos, mesmo inseridos em diferentes lugares geográficos? ; Caso haja um padrão coesivo, ele registra uma marca do lugar socioespacial em que se inserem os estudantes? ; e Que representações ideológicas essas retomadas desvelam? . Portanto, foram estudados oitenta textos, divididos em dez grupos de oito redações geradas em Costa Barros, Pavuna, Irajá, Gávea, Ipanema, Madureira, Santa Cruz, Barra da Tijuca, Maré e Vidigal. Objetivou-se, nesse sentido, investigar se os grupos de textos, separadamente, apresentariam algum padrão anafórico e, ainda, se o conjunto dos grupos diferir-se-ia/assemelhar-se-ia na construção das retomadas. A análise efetivou-se em três níveis categoriais: o primeiro nível, léxico-gramatical, objetivou estudar em que medida os participantes selecionam itens gramaticais ensinados na escola e em que medida eles agregam ocorrências mais presentes na modalidade oral; o segundo nível, discursivo, considerou as funções discursivas elaboradas pelas anáforas; e o terceiro nível, semântico-discursivo, investigou a forma como se dá a manutenção/recategorização do referente nos corpora. Além de observada a relação direta anáfora-fonte, foi examinada a escolha dos lexemas presentes no entorno discursivo, o que possibilitou o agrupamento do referente em diferentes categorias semânticas. Visando à efetivação da relação texto-contexto (VAN DIJK, 2012), que se propõe a responder sobre a forma como as anáforas catalisam as representações ideológicas nos textos, foram assumidas, do campo da Geografia, as noções de lugar, subúrbio e periferia (SANTOS, 2005; ARAÚJO; LAGO, 2015). Embora com exceções, os resultados gerais do primeiro nível de análise apontam que as construções gramaticais mais formais das anáforas diretas efetivaram-se nos grupos de produções em que a formação linguístico-educacional esteve mais evidente. O segundo nível, o discursivo, desvela a preferência de todos os grupos pela manutenção; mas aponta, igualmente, que a diversificação das funções discursivas das anáforas está mais diretamente relacionada ao contexto geocultural dos participantes do que ao fazer pedagógico. O terceiro nível, semântico-discursivo, aponta a mobilização de saberes sociocognitivos, assim, operando a recategorização inferencial para compensar algumas faltas em nível gramatical, equilibrando a argumentatividade no texto. Ademais, a seleção lexical presente no entorno discursivo aciona valores ideológicos que conclamam o contexto sociopolítico e educacional de cada grupo de textos, revelando que as anáforas/cotextos relacionam-se, argumentativamente, às vivências dessas periferias. Os resultados evidenciam, por fim, a riqueza linguística encontrada nos recursos cognitivos de (re)categorização ainda não trabalhados sistemática e discursivamente na (e pela) escola. |