“Passagens – Centro”: lugares intersticiais de um Rio de Janeiro submerso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Csekö, Joana Traub
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Artes
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Artes
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/22863
Resumo: A série fotográfica “Passagens” é uma pesquisa artística em processo. A série trabalha com as ideias de inserção e continuidade entre imagens, bem como as noções de sobreposição e entrelaçamento de diferentes tempos e espaços. Suas imagens são montadas a partir de um acervo constituído por fotos apropriadas e fotos captadas pela artista. Para criar cada conjunto que formará uma condensação da série é necessário: 1- pesquisar a história do lugar com o qual o trabalho deseja se conectar; 2- eleger interesses indo até esse lugar, convivendo com ele, para então fotografá-lo; 3- buscar fotografias de outras épocas associadas ao contexto com o qual o conjunto almeja estabelecer um diálogo. Ao propor um desdobramento da “série Passagens” para o doutorado, a artista aproximou-a de um território com o qual se relaciona há anos: o Centro do Rio de Janeiro. A virada para o século XX foi o período escolhido para o estudo que embasou o primeiro conjunto das “Passagens – Centro”. A partir de textos dedicados à história urbana, social e cultural da região central neste momento de efervescência (com o nascimento do samba e do carnaval moderno) e de profundas mudanças no tecido urbano, foram colhidos fragmentos que revelam aspectos significativos, mas menos comentados sobre tais lugares. A pesquisa iconográfica em arquivos públicos que participa deste grupo de imagens foca na história do Rio destas décadas, privilegiando seus agentes menos lembrados, fundadores de uma modernidade carioca que não necessariamente passa pela ideia de progresso. São negros, imigrantes, trabalhadores que, por força das circunstâncias, moravam em cortiços no Centro e imediações. Ao longo do século XX esse contingente populacional foi expulso da área central pelo Estado e empurrado para os subúrbios ou para as favelas que se estabeleciam nas encostas dos morros. O principal interesse das “Passagens – Centro” está no processo de apagamento de hábitos, costumes, da cultura “porosa” que permeia o Rio e que se diluiu com sua segregação socioespacial. A outra vertente da pesquisa estabeleceu uma colaboração com moradores atuais da Zona Portuária e Pequena África, trazendo as “Passagens – Centro” para o presente. A intenção foi reunir fotografias de pessoas que vivem na parte central da cidade que permaneceu residencial: fotos que contenham memórias e afetos, estabelecendo, assim, laços com habitantes desses bairros. São comunidades que passaram por outra vultosa reforma urbana de “requalificação” da região, o “Porto Maravilha”, realizada para os megaeventos esportivos sediados no Rio entre 2014-16. Reforma esta que fez ressurgir o longo passado deste território, trazendo à tona questões políticas prementes, como a preservação devida da memória e da cultura afro-diaspóricas que constituem a Pequena África. Para o segundo grupo de imagens das “Passagens – Centro”, foram criadas sobreposições e associações partindo do universo de fotografias de moradores que se dispuseram a colaborar com o projeto. A segunda fase da pesquisa, além de gerar um conjunto de imagens da série, se propôs a formar um arquivo reunindo fotos vernaculares doadas por moradores da Zona Portuária. A ideia é contar mais sobre a história cotidiana dessa região através do ponto de vista de seus habitantes contemporâneos