“A vida como ela é: uma análise epidemiológica e discursiva do abuso de benzodiazepínicos entre mulheres

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Almeida, Arisa Nara Saldanha de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=82247
Resumo: <div style="">O estudo tem como objetivo: Investigar o uso abusivo de drogas benzodiazepínicas (BZD‘s) na rede publica de saúde, considerando os aspectos epidemiológicos e discursivos deste fenômeno. Trata-se de um estudo transversal com abordagem quanti-qualitativa, realizado em Unidades Básicas de Saúde e Centros de Atenção Psicossocial do município de Fortaleza-Ceará. A pesquisa foi realizada em duas etapas, sendo a primeira destinada a padrão do uso abusivo de Benzodiazepínicos entre mulheres (n=520). A segunda etapa consistiu na análise dos discursos das mulheres em situação de uso abusivo de BZD‘s. A análise quantitativa foi desenvolvida no SPSS versão 20.0 licença número 10101131007, onde foram calculadas as medidas estatísticas descritivas, médias e desvio padrão. A análise qualitativa foi realizada utilizando a Análise de Discurso de Michel Pechêux. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará com parecer número 690.266. As mulheres em uso abusivo do benzodiazepínico caracterizam-se média de idade de 53,82 anos, a maioria sem companheiro (60,3%), filhos (86,5%), baixa escolaridade (59,8%), religião (94,8%) e não trabalhava (55,6%). O padrão de uso apresentou o diazepam como o fármaco mais usado pelas mulheres com baixa escolaridade (p&lt;0,0001) e baixa renda familiar (p=0,007). Quando o motivo do uso foi alguma perda (91,4%; &#961;=0,028) ou tristeza (92,9%; &#961;=0,041), a maioria das mulheres usa o BZD por mais de dois anos. Identificamos a predominância de três formações discursivas, a saber: Formação Discursiva Biomédica, Formação Discursiva Religiosa e A Vida como ela é: pontos de ruptura. A primeira formação representa os discursos voltados para perspectiva farmacológica do uso, trazendo os motivos de uso, tipos de BZD utilizados e conseqüências clínicas do uso abusivo. A segunda formação está relacionada ao apelo religioso, a fé em Deus, que diante da angústia do ato de existir, a religião comparece para tamponar o sujeito. Por fim, finalizamos com as rupturas dos discursos, onde surgem algo que, apesar de silenciado, insiste em se revelar. Encontramos uma metáfora que dá a tônica dessa formação discursiva: o sujeito se anuncia como alguém &#8213;perturbada&#8214;, significante que faz série com outros significantes como &#8213;alterada&#8214;, &#8213;agitada&#8214;, aquela que &#8213;dá 9 ataque&#8214;. O uso abusivo caracteriza-se pelo tempo de uso excessivamente prolongado e pelas queixas/motivos que não deveriam ter este tipo de fármaco como medicação de escolha. Percebe-se a necessidade de pensar estratégias de abordagem das demandas desse público específico que possam ir além da medicalização das queixas relacionadas aos eventos da vida cotidiana. Palavras-chave: Saúde Mental. Saúde da Mulher. Psicotrópicos. Receptores de GABA-A. Estudos Transversais. Farmacoepidemiologia.</div>