“PRA SUPORTAR E ASSISTIR”: DISCURSOS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE FRENTE AO ABUSO DE BENZODIAZEPÍNICOS ENTRE MULHERES

• Ano de defesa: 2016
• Autor(a) principal: CARRILHO, CAMILA DE ARAÚJO
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
• Palavras-chave em Português: ansiolíticos
• Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=83589

<div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">RESUMO</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">A grande incidência do uso de benzodiazepínicos, especialmente pelo público das mulheres,</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">vem a se constituir um complexo problema de saúde pública. Entretanto, mesmo com a</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">tomada de consciência das instâncias de saúde, ainda não foram encontradas resoluções para</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">reverter esse quadro e as prescrições dos ansiolíticos continuam a ser a parte mais importante</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">da consulta. Diante desse cenário, questionamo-nos sobre as motivações que levam os</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">profissionais a realizarem uma frequente prescrição desses medicamentos. Logo, objetivamos</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">analisar o discurso dos profissionais de saúde acerca da motivação para prescrição de drogas</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">benzodiazepínicas na atenção à saúde. Enquanto objetivos específicos, traçamos: perceber</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">quais as condições de produção desse discurso que traduz as queixas recebidas na prática</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">clínica em um fenômeno que requeira a prescrição de benzodiazepínicos; definir as formações</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">discursivas que estruturam esse discurso; identificar quais os pontos de ruptura que apontam,</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">nesse discurso, para aquilo que escapa a racionalidade científica; discutir os mecanismos da</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">formação ideológica que sustentam os discursos dos profissionais de saúde acerca do abuso de</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">benzodiazepínico entre mulheres. Adotamos enquanto referencial teórico-metodológico a</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">pesquisa em psicanálise, articulando com a análise de discurso da corrente francesa de Michel</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">Pêcheux para a análise das entrevistas. Os sujeitos da pesquisa foram 18 profissionais</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">enfermeiros e médicos das Unidades Básicas de Saúde e dos Centros de Atenção Psicossocial</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">(CAPS) do Município de Fortaleza-CE. Identificamos a predominância da Formação</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">Discursiva Biomédica e da Formação Discursiva da Determinação Social. A primeira</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">mostrou-se voltada para intervenção estritamente farmacológica, visando alterar estados de</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">humor, seguindo uma categorização diagnóstica limitada à classificação do sofrimento. Já na</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">segunda, os profissionais apontam a relação do sujeito com a sociedade, especialmente</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">ligados à baixa condição econômica, proximidade com a violência e tráfico de drogas,</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">enquanto justificativa para o sofrimento que ocasiona no uso do benzodiazepínico. Dessa</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">forma, em ambas formações o benzodiazepínico comparece como única solução, presente no</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">lapso de um dos profissionais “trapar”, que revela um neologismo que traz em si mesmo a</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">dimensão proposta pela medicina de “tratar” as doenças, mas que revela uma outra face,</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">destinada a “tapar” algo. Assim, para abordagem da formação ideológica questionamos o</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">conceito de ideologia presente na teoria de Pêcheux, abrindo a possibilidade para pensá-la</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">como algo que se encontra recalcado no discurso, ao mesmo tempo em que dentro desse</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">discurso é possível tocar em algo que falha, da posição do sujeito. Recorremos, então, aos</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">discursos de Lacan, concluindo que o discurso capitalista subsidia os discursos dos</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">profissionais. Sendo revelado pela centralidade dada ao benzodiazepínico nas falas, que é</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">colocado para mediar a relação entre profissional e paciente, sendo o objeto que vem a tentar</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">recobrir a falta que é colocado neste laço social. Portanto, frente a essas questões, em</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">contraponto à prática clínica que apresenta a medicalização como única via para se tratar os</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">diversos sofrimentos, colocamos a psicanálise em um lugar de soma à ciência, pela</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">possibilidade inaugurada pelo discurso do analista, sendo o único que possibilita o lugar do</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">outro ser o sujeito do discurso.</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">Palavras-chave: Ansiolíticos; Enfermagem; Psicanálise; Discurso; Medicalização.</span></font></div>